Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
SERÁ QUE realmente a Torá (Instrução – “lei”) foi Abolida?
SERÁ QUE realmente a Torá (Instrução – “lei”) foi Abolida?
Muitos teólogos durante a história foram defensores da teologia que afirma que Paulo era oposto ou contra a Torá (Lei). Até mesmo os judeus afirmam isto, que Paulo não viveu como judeu porque desmotivou os judeus a viverem como tais. Tentaremos provar de forma resumida a inverdade contida neste conceito.
A Primeira coisa para entender a relação Paulo x Lei, é ENTENDER O VERDADEIRO SENTIDO DESTA PALAVRA RECORRENDO AO GREGO E HEBRAICO.
O termo “LEI” usado em nossas bíblias é um termo LIMITADO E INADEQUADO, pois não expressa com exatidão seu sentido original. A PALAVRA HEBRAICA USADA NO CHAMADO “ANTIGO TESTAMENTO” (TANACH) É O SUBSTANTIVO “TORÁ”, QUE PODE SER TRADUZIDO COMO “INSTRUÇÃO”. Sem dúvida é importante observar que só nesta adequada definição do termo “Torá” teremos removido toda a idéia “legal” associada à expressão “lei”. NA VERDADE ESTA TRADUÇÃO DE TORÁ PARA LEI NAS BÍBLIAS MODERNAS ESTÁ SOB INFLUENCIA DA VULGATA LATINA QUE TRADUZ TENDENCIOSAMENTE A EXPRESSÃO POR “LEX”, TRAZENDO A IDÉIA DE QUE A TORÁ SÓ TEM APLICAÇÃO LEGAL, O QUE UMA INVERDADE.
A TORÁ É UMA INSTRUÇÃO DIVINA DADA PRIORITARIAMENTE À CASA DE ISRAEL COM O OBJETIVO DE PRESERVAR O POVO, COMO UM POVO SEPARADO DENTRE TODOS OS POVOS DO MUNDO. UMA CULTURA DIVINAMENTE REVELADA COM PRINCÍPIOS MORAIS, ESPIRITUAIS, SANITÁRIOS, ADMINISTRATIVOS, ALIMENTARES E TAMBÉM LEGAIS. A TORÁ POSSUI LEIS, MAS ELA NÃO É SOMENTE “LEIS” COMO ALGUNS PENSAM, É UM ENGANO ACHAR QUE ELA É APENAS LEGAL, PIOR AINDA ACREDITAR QUE O TERMO TORÁ PODE SER TRADUZIDO POR “LEI”, PARA ESTA PALAVRA EXISTE UM TERMO APROPRIADO CHAMADO “DAAT” EM HEBRAICO QUE TEM O SENTIDO LEGAL. MAS, TORÁ SEM DÚVIDA MELHOR TRADUZIDA COM “INSTRUÇÃO” OU “ENSINO”.
A segunda coisa que devemos entender seria a opinião do Messias (Cristo) sobre a Torá. Paulo como apóstolo do Messias Cristo, jamais iria contrariar a opinião de seu mestre sobre o assunto. Sendo assim disse Cristo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17 – ARA). Para uma compreensão sincera deste texto deve-se observar novamente as palavras chaves, neste caso “revogar” e “cumprir”. A palavra grega usada nesta passagem que foi traduzida por “revogar” é o verbo grego katalisai [katalusai] que pode ser traduzido como: anular, abolir, destruir, desfazer, revogar, etc. A edição bíblica de Almeida Revista e Corrigida traduz primeiramente a palavra como “destruir” que é mais clara. Baseados neste princípio deve-se entender primeiro que: CRISTO DISSE CLARAMENTE, QUE ELE NÃO VEIO PARA DESTRUIR, ABOLIR, ANULAR OU DERRUBAR A TORÁ (LEI\INSTRUÇÃO). Este é um princípio básico, mas Cristo veio fazer mais, ele veio também para “CUMPRIR”. Só que este verbo grego que no original é plerosai que é melhor traduzido como: completar, acrescentar, aperfeiçoar, “plenificar”, etc. Cristo em nenhum momento foi contra a Torá, muito pelo contrário ele veio apresentar o sentido pleno da torá, veio completar seu significado, ele veio “plenificar” seu objetivo. Como diz o Talmud (a tradição oral dos judeus): “Não vim para tira a Torá de Moisés, mas pelo contrário, vim para acrescentar” (Tratado Shabat 116b).
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede de separação que estava no meio, a inimizade, ABOLIU, na sua carne, A LEI DOS MANDAMENTOS EM FORMA DE ORDENANÇAS, para que dos dois criasse em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz” (Ef 2.14-15).
Esta parece ser uma contradição entre as palavras do Messias (Cristo) e as palavras do apóstolo. Cristo disse que não veio para “abolir” a Torá e o apóstolo dos gentios (Paulo) disse que Cristo aboliu na sua carne a “Torá dos Mandamentos na Forma de Ordenanças”. Na verdade são os detalhes do texto que provam que não! Muitos teólogos se baseiam neste texto para afirmarem que CRISTO ABOLIU A LEI. Mas, cometem um ERRO básico de interpretação. Uma pergunta: Paulo é explicito ao afirmar que, o que Cristo aboliu foi: A LEI? Não! Foi a “LEI DOS MANDAMENTOS EM FORMA DE ORDENANÇAS” isto é apenas um elemento com várias expressões. Na verdade deve-se entender a palavra “ordenanças” no original para uma compreensão precisa.
“Ordenanças” no grego é o substantivo “dogmas” [dogmaV], esta expressão pode ser traduzida como interpretação, dogma, doutrina de homens, etc. Esta expressão grega aparece no Novo Testamento sempre associado com “ordenanças de homens” nunca com ordenanças dadas por Deus. A palavra grega para ordenanças no N.T. é dikaioma [dikaiwma] e não dogma. Esta é a diferença básica.
Concluímos com isto que, o que Cristo aboliu foram “AS ORDENANÇAS DO HOMEM, OU AS INTERPRETAÇÕES DOS HOMENS SOBRE A TORÁ QUE É FORMADA POR MANDAMENTOS”.
Se observarmos o início do trecho citado e analisarmos a história perceberemos que isto faz sentido. O texto diz que Cristo derrubou a parede de separação que estava entre judeus e gentios, fazendo a paz. Esta parede era literal, no templo de Jerusalém existiam compartimentos para os visitantes do templo. Estes compartimentos eram separados por paredes ou muros, existia o pátio dos sacerdotes, dos homens judeus, dos gentios e das mulheres. Sendo assim os judeus estavam mais próximos do templo e os gentios separados destes, estavam mais distantes. Mas, pergunta-se: Onde está na Torá ou nos Profetas uma ordenança que diz que os gentios que temiam o Deus de Israel deveriam ficar longe dos judeus ou separados por um muro dos mesmos? Em lugar nenhum! Na verdade esta era uma “INTERPRETAÇÃO ou UMA ORDENANÇA DE HOMENS”, um dogma que afastava os não-judeus da Torá e da presença de Deus. Foi exatamente esta distinção que Cristo veio abolir. Para que dos judeus e gentios fizesse apenas um povo, nele, cada um cumprindo seu chamado, mas tendo Cristo como o centro de todas as coisas. Isto é o que Rav Shaul (apóstolo Paulo) chama de “Mistério”. Sem dúvida algo maravilhoso para refletirmos.