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O sábado é o dia correto de adoração, segundo a Bíblia? Ele não foi abolido?

O sábado é o dia correto de adoração, segundo a Bíblia? Ele não foi abolido?

A DIFERENÇA ENTRE O SÁBADO DA LEI DE DEUS
E OS SÁBADOS DAS FESTAS JUDAICAS

A grande confusão sobre a validade do sábado se deve ao pouco conhecimento da diferença existente entre as leis cerimoniais, as quais eram uma “sombra” das coisas vindouras e as leis morais, que são o fundamento do governo de Deus. As leis cerimoniais apontavam para o sacrifício do “Cordeiro de Deus” (João 1:29) e foram abolidas quando Cristo morreu na cruz. As leis morais, entretanto, não foram abolidas, e jamais o serão, pois elas representam o caráter de Deus.

Leis Cerimoniais?

O termo “lei cerimonial” não aparece nas Escrituras, assim como outros termos teológicos que nós cristãos usamos, tais como “trindade” e “milênio”. O que realmente importa é se o termo se refere a um ensinamento bíblico. Esse termo (leis cerimoniais) é usado para diferenciar um tipo específico de ordenanças bíblicas, de outras leis. Em Israel havia vários tipos de leis: morais, cerimoniais, civis, sanitárias, etc.
Uma característica importantíssima sobre tudo o que envolve as leis cerimoniais é que sua instituição aconteceu após a entrada do pecado no mundo. O futuro sacrifício de Cristo era simbolizado pelo sacrifício de cordeiros. O cordeiro era morto para a remissão dos pecados. O pecador, então, recebia perdão aceitando, pela fé, a morte do futuro cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Abel, Abraão, Jacó e outros edificavam altares para oferecer os sacrifícios expiatórios que eram “sombras das realidades futuras” (Hebreus 10:1-10). Quando Israel foi organizado como nação, essas ordenanças foram ampliadas para ilustrar de maneira melhor a obra de redenção. Assim, o culto do santuário, os holocaustos e ofertas, as festividades e diferentes tipos de ritos – tudo simbólico e prefigurativo – cessaram naturalmente na Cruz (Colossenses 2:14-17).
Cristo “é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz. E cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz” (Efésios 2:14 e 15; Colossenses 2:14).
O que é “ordenança”? O Standard Dictionary assim define a palavra: “um rito religioso ou cerimônia ordenada ou estabelecida por autoridade divina ou eclesiástica.” A igreja judaica, antes de Cristo, celebrava ritos e cerimônias especiais, como a Páscoa e vários dias santos, ofertas de carnes, bebidas, etc., “impostas até o tempo da nova ordem” (Hebreus 9:10).
Como as ordenanças deviam ser celebradas? As instruções foram escritas por Moisés em um livro, e são geralmente mencionadas pelos escritores da Bíblia como a lei de Moisés (Deuteronômio 31:9 e 24; Daniel 9:11). Esse “livro da lei” não foi colocado dentro da arca, porém “ao lado da arca” (Deuteronômio 31:26).
O livro de Hebreus mostra a relação das antigas cerimônias judaicas com o serviço de Cristo. Quando o autor fala da lei como uma sombra dos bens futuros (Hebreus 10:1), está claramente se referindo à lei cerimonial. Porque a lei moral não poderia ser descrita como “uma sombra” de alguma coisa futura, visto que ela trata de princípios eternos. Segundo o escritor de Hebreus, a lei referida está relacionada com “sacrifícios, holocaustos e ofertas”, etc. (Hebreus 10:8).

Todas as ofertas, no serviço judaico, eram como sombras das boas novas do evangelho, representando Cristo, o grande sacrifício que deveria ser oferecido. Quando aquele grande e perfeito sacrifício pelos pecados fosse feito, não haveria mais necessidade da sombra dos imperfeitos. Cristo ofereceu “um único sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:12). As leis e ordenanças sobre as ofertas de sacrifícios de carnes e bebidas e os dias santos anuais foram abolidos na cruz, quando a sombra encontrou-se com a realidade. Nessas sombras, em suas festividades, havia muitos feriados que eram chamados de sábados, que poderiam cair em qualquer dia da semana, pois a palavra hebraica “shabbath” pode significar “descanso”, “pausa”, “feriado”.
Muitos cristãos são capazes até de jurar que, nas Escrituras, só é mencionado um tipo de sábado: o sábado semanal da criação citado nos Dez Mandamentos. Muitos até “arregalam os olhos” quando ouvem falar de outros sábados, que não caíam necessariamente no sétimo dia semanal.
Mas há uma clara distinção entre os sábados festivos (cerimoniais) e o sábado do Senhor (moral). Depois de descrever as festividades judaicas e seus sábados festivos, Moisés esclarece-nos que esses dias deveriam ser respeitados independentemente dos sábados do Senhor (Levítico 23:37-39). Vamos agora descrever os sete tipos de sábados festivos que ocorriam durante o ano e suas relações com as festas judaicas.

Festividades Judaicas

1. Festa da Páscoa – 14º dia do mês de Abib. (Não era um feriado) (Números 28:16).
2. Festa dos pães asmos – 15º ao 21º dia de Abib. (Sábados cerimoniais – o primeiro e o último dia da festa) (Números 28:17).
3. Festa do Pentecostes – 50 dias após a oferta do molho movido que era realizada no 16º do mês de Abib. (Sábado cerimonial – era dia de Santa Convocação) (Êxodo 23:16; 34:22; Números 28:26; Atos 2:1).
4. Festa das Trombetas – Primeiro dia do 7º mês. (Sábado cerimonial – era dia de Santa Convocação) (Números 29:1).
5. Dia da Expiação – Décimo dia do 7º mês. (Sábado cerimonial – era dia de Santa Convocação) (Números 29:7).
6. Festa dos Tabernáculos – Essa festa acontecia do 15º ao 22º dia do 7º mês, e nela, os sábados cerimoniais eram o primeiro e o último dias da festa. (Números 29:12; Êxodo 23:16; Levítico 23:34).
O calendário hebreu era móvel em relação à semana como o nosso, de sorte que as festas poderiam ocorrer, começar e terminar em dias diferentes da semana e até coincidir com o sábado. Nesse caso, se o sábado de feriado coincidisse com um sábado semanal, tal dia se tornava um “Grande Sábado” o que ocorreu por ocasião da morte de Jesus (João 19:31).

Diferenças entre o sábado semanal e os demais sábados festivos

1. Enquanto o sábado de Gênesis 2:2-3 e Êxodo 20:8-11 é semanal, as festas eram celebradas uma vez por ano.
2. O sábado semanal era um dia distinto. Após a menção do sábado semanal em Levítico 23:3, aí é que vem a descrição das “festas fixas do Senhor”. E então vem a descrição dessas festas. Em Levítico 23:38, as pessoas foram informadas de que deveriam observá-las, além de observarem o sábado semanal.
3. Os sábados festivos tiveram seu início com a formação da nação israelita (Monte Sinai), ao passo que o sábado semanal remonta-se à criação do mundo. O sábado semanal não era só para os judeus (Marcos 2:27; Gênesis 2:2; Êxodo 20:8-11).

Semelhanças entre o sábado semanal e os sábados festivos

1. O sábado semanal e as festas eram períodos de descanso e prazerosa adoração a Deus.
2. O povo participava coletivamente da observância das festas e do sábado semanal.
3. As festas e o sábado semanal eram convocações religiosas.
4. Sacrifícios especiais deviam ser oferecidos tanto no sábado semanal quanto nas festas anuais.
As instruções a tudo isso abrangiam o que podemos chamar de lei “cerimonial”.
A lei dos Dez Mandamentos, que diz respeito unicamente aos grandes e eternos princípios morais, era bem diferente. É o único trecho das Escrituras que Deus fez questão de escrever a próprio punho (Êxodo 31:18) e, por isso, é comumente chamado de “lei de Deus” (Romanos 7:7 e 22). Em tábuas de pedra, tal lei não foi colocada ao lado da arca, mas sim, “na arca” (Deuteronômio 10:5).
Portanto, a Bíblia apresenta diferentes tipos de leis.

Lei Moral

Se as leis morais pudessem ser abolidas, então Cristo não precisaria vir para morrer pelos pecadores, bastaria apenas abolir ou destruir a lei, pois onde não há lei, não existe pecado, porque o pecado é a transgressão da lei (Romanos 4:15; 1João 3:4). Caso a lei moral tivesse sido abolida, isso me “libertaria” para adorar imagens, tomar o nome de Deus em vão, desonrar os pais etc. Qual é o cumprimento da lei? Não é amar a Deus e ao próximo (Mateus 22:36-40; Deuteronômio 6:5; Levítico 19:18)? A primeira parte da lei está relacionada com nosso amor a Deus, e a segunda com nosso amor ao próximo. Se você acha que não deve guardar o sábado, também não deve guardar qualquer outro mandamento. Ou você acha que o único mandamento abolido teria sido o sábado?
O sábado foi instituído no Éden, antes que a nação israelita existisse (Gênesis 2:2-3), o que foi confirmado por Cristo quando disse que o sábado foi feito por causa da humanidade como um todo, e não para um povo específico apenas (Marcos 2:27). Em Isaías 58:13-14; Ezequiel 20:12 e 20; e Apocalipse 14:12, o sábado é tido como um sinal entre Deus e Seu povo. Isso não quer dizer que só vai se salvar quem guarda ou guardou o sábado, mas Deus sempre teve um povo, em todas as épocas, com uma mensagem específica para dar ao mundo.
Algumas pessoas ficam admiradas pelo ensino de que a lei existia antes do Sinai. Seria tal ensino verdadeiro? Às vezes nos esquecemos de que Deus é um Deus de ordem e não permite que o homem seja guiado unicamente pelos ditames de sua consciência ou por “conveniências”. A Palavra nos diz claramente que o pecado não é imputado, não havendo lei (Romanos 4:15; 5:13). Somente através da lei é que o pecado pode ser conhecido (Romanos 3:20; 7:7). Ora, será que o mundo que antecedeu o Sinai era dominado pela anarquia completa, sem qualquer lei ou preceito moral como padrão para determinar o comportamento do homem? Não havia pecado? O que determinava o que era ou não pecado?
A Bíblia nos diz que o pecado entrou no mundo através de Adão (Romanos 5:12), e com ele a morte passou a todos os homens. Antes do Sinai, os homens já pecavam? Sim! A prova é que eles recebiam o salário da transgressão da lei (Romanos 6:23; 1João 3:4). Caim pecou (Gênesis 4:7, 10 e 11); os antediluvianos pecaram (Gênesis 6:11 e 13), bem como os habitantes de Sodoma e Gomorra (Gênesis 13:13). O próprio Deus cobrou – e isso é notável – a guarda do sábado ao povo de Israel que recém saíra do Egito. Isso ocorreu antes do Sinai (Êxodo 16:28). Será que o povo não conhecia o mandamento? Deus não nos faz exigências absurdas, sem sentido! Antes do Sinai, Deus disse sobre Abraão: “Abraão me obedeceu e guardou meus preceitos, meus mandamentos, meus decretos e minhas leis” (Gênesis 26:5). Esse verso inclui a maior parte das palavras hebraicas que se referem à lei divina ou mandamentos. Abraão propôs, em seu coração, obedecer implicitamente; quando caiu, se dirigiu a Deus com o sacrifício de contrição sobre o altar do seu coração (Hebreus 7:25; 8:1-4). Deixou sua terra natal, ofereceu seu filho, realizou o rito da circuncisão, pagou os dízimos. Abraão foi um fiel guardador dos mandamentos do Senhor, incluindo a guarda do sábado que fora dada ao
homem antes que ele pecasse (Ver Gênesis 2:1-3); por isso foi agraciado com bênçãos e promessas maravilhosas!
Falando sobre a destruição de Jerusalém, Jesus pediu para Seus discípulos que orassem para que sua fuga não ocorresse no inverno nem no sábado (Mateus 24:20). A destruição de Jerusalém ocorreria por volta de 40 anos depois da morte de Jesus. Se Ele quisesse que seus seguidores guardassem o domingo, por que estaria então preocupado sobre um dia que seria abolido por Sua morte? Se não há lei, não há transgressão. Especificamente, a lei que nos mostra o pecado é o Decálogo. A simples prova de que existia o pecado muito antes do tempo de Moisés, estabelece para nós o fato de que a lei deve ter existido antes também.
Pelo mesmo processo de raciocínio, a existência da lei depois do tempo de Cristo é evidente. Existe pecado depois da cruz? O Novo Testamento tem tanto a dizer sobre o pecado e pecadores quanto o Velho. Paulo ensina que o pecado não é imputado, não havendo lei (Romanos 5:13).
Nos séculos anteriores a Cristo, os homens não viveram segundo uma moral mais elevada que nós, porque certamente não poderia ter havido código mais elevado que os Dez Mandamentos. Como poderíamos, pois, argumentar que na dispensação cristã os homens haviam sido conduzidos a um plano moral mais elevado se, ao mesmo tempo, afirmássemos que os homens não tinham mais nada a ver com esse código tão maravilhoso (ver Romanos 3:31; 2:13; 7:12)?

CONCLUSÃO

Sábados Festivos, Temporários

Os sábados festivos eram cerimoniais, sombras das coisas futuras.
Cristo cumpriu, com notável exatidão, as festas primaveris (Páscoa, Pães Asmos e Pentecostes). Ele morreu como cordeiro pascal (14º dia de Abib) e o período a seguir foi o dos pães asmos e das ervas amargas, por Sua morte. Sua ressurreição foi exatamente no 16º dia de Abib. Nesse dia, Cristo ressuscitou representando as primícias (molho movido). Após isso, em 50 dias viria o Pentecostes. Exatamente nesse dia, Cristo era recebido no Céu e derramava sobre os discípulos a chuva do Espírito Santo.
Os estudos feitos quanto às festas outonais (Trombetas, Expiação e Tabernáculos) demonstram que elas estão claramente relacionadas em torno da segunda vinda de Cristo. A festa da Expiação representa o juízo que ele está executando atualmente no Céu, a festa das Trombetas representa a proclamação atual do evangelho a todo o mundo e a dos Tabernáculos está relacionada com a Nova Terra.

Sábado Semanal, Eterno

O sábado semanal, bem como os demais mandamentos do Decálogo (Tiago 2), são divinos e eternos (Mateus 5:17-19). Nunca houve um tempo na existência do homem em que Deus não tivesse dado de maneira tão clara e explícita, aquilo que deve ser obedecido para o próprio bem e felicidade do homem (Salmo 111:7-8). Se o amamos, iremos guardar os seus mandamentos que “não são pesados” (1João 5:3). A obediência é o resultado natural e espontâneo da fé que opera por amor a Deus e não uma mera demonstração exterior de religiosidade. Jamais a obediência a qualquer mandamento poderá nos salvar; as obras não salvam, apenas Cristo pode salvar e colocar no coração do homem o impulso para obedecer (Atos 4:12). A obediência é apenas uma expressão de gratidão e amor (João 14:15 e Hebreus 10:16-17).

Um abraço,

Pr. Valdeci Junior

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