Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
QUAL INFERNO!
QUAL INFERNO! Há um problema crônico que os tradutores bíblicos enfrentam quanto a tradução da palavra inferno a partir de palavras gregas. Isso porque a palavra inferno não vem nem do hebraico do AT nem do grego do NT, mas vem do latim infernus, de séculos posteriores. Essa palavra não existe originalmente na Bíblia, cabendo aos tradutores “identificarem” o inferno em palavras gregas tendo por base as suas próprias convicções teológicas. Algumas palavras que foram traduzidas por “inferno” são Sheol, Hades, Tártarus e Geena, sem que o sentido real de algumas dessas palavras fosse realmente o infernus que ficou popularmente conhecido como um local de tormento e castigo[1].
Infelizmente alguns textos da Biblia foram adulterados e não temos como descobrir com exatidão a tradução correta sem antes analizarmos o contexto geral, então o que é inferno já que traduziram todas essas como “inferno” em diferentes ocasiões, conquanto que tenham significados bem distintos entre si. O significado de Sheol ou Hades difere do Tártaro, que por sua vez difere do Geena. É necessário voltamos aos originais se queremos descobrir qual delas é que está no original, em cada citação distinta. Tendo em vista que, como vimos, os ímpios não se encontram atualmente no inferno, então este é um lugar que está para ser inaugurado. Mas de todas as palavras que vimos acima e que são traduzidas por “inferno” em nossas Bíblias, qual delas seria realmente um local de punição futura aos condenados? É isso o que veremos agora.
Sheol/Hades – Sheol (no hebraico) e Hades (transliterado grego) não era um lugar de tormento, mas era puramente sepultura na concepção hebraica bíblica. Abraão foi enterrar o seu filho do Sheol (cf. Gn.37:35). Os ossos vão para o Sheol (e não “espíritos” – ver Salmo 141:7). O Salmo 49:14 nos indica que até as ovelhas descem para o Sheol na morte. O Sheol é um local de escuridão, e não de fogo que remete à luminosidade (cf. Sl.88:10-12; Jó 10:20,21; Lm.3:6). O Sheol é um lugar de silêncio, e não de gritaria do inferno (cf. Sl.94:17; Sl.115:17). Não são “espíritos incorpóreos” que descem ao Sheol na morte, mas sim a própria pessoa com sangue (cf. 1Rs.2:9).
É lugar de descanso e de repouso, e não de dor ou de tormento (cf. Jó 3:11,13,17). No Sheol, não existe atividade e nem conhecimento ou sabedoria nenhuma (cf. Ec.9:10). Os que lá estão não louvam a Deus (cf. Sl.6:5) e nem sequer tem lembrança dEle (cf. Sl.6:5)! No Sheol não se escutam gritos (cf. Jó 3:18). O Sheol é um local de almas mortas (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6,11; Jr.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10), em estado de total silêncio (cf. Sl.115:17; 94:17), e em plena inconsciência (cf. Sl.146:4; Sl.6:5; Ec.9:5,6; Ec.9:10).
Nunca Sheol é identificado como um local de tormento e jamais é mencionado o elemento “fogo” nele, senão em contexto parabólico como metaforização. Por tudo isso, o Sheol nada mais é do que a figura da sepultura. É por isso que Jó iguala o Sheol com o pó da terra: “Descerá ela às portas do Sheol? Desceremos juntos aopó?” (cf. Jó 17:16). O único lar para o qual Jó esperava ir era a sepultura (ver Jó 17:13).
Tártarus – Este lugar é mencionado apenas uma única vez em toda a Bíblia, e não é para seres humanos, mas para anjos caídos. A Bíblia afirma que o diabo não está preso em algum lugar ou sofrendo atualmente, mas está solto, “nos ares” (cf. Jo.1:7; Jo.2:2; Ef.6:12), e por essa razão está “andando em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (cf. 1Pe.5:8). Se o diabo estivesse no inferno, se divertindo a custa das outras pessoas que lá estão, isso seria um prêmio para ele. Contudo, a Bíblia afirma que Satanás e seus anjos só serão lançados no lago de fogo após o milênio (cf. Ap.20:10).
A referência ao tártarus se encontra unicamente em 2ª Pedro 2:4, que diz: “Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno[tártarus], e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo”(cf. 2Pe.2:4). Sendo que a Bíblia afirma categoricamente que o diabo não está preso, mas solto, então a referência de 2ª Pedro diz respeito a outros anjos caídos, possivelmente os mesmos “filhos de Deus” que pecaram em Gênesis 6:1-4[2]. Embora isso seja razão de debate, o fato é que o tártarus não é um lugar onde almas humanas são lançadas após a morte, mas onde parte dos anjos caídos estão atualmente, em prisão, e não soltos como os demais estão.
Geena – A vista de tudo isso, o que seria então o “inferno” bíblico? O geena. E esse lugar de tormento ainda está para ser inaugurado. Quando Cristo fala do “inferno”, no original é “geena” e se refere não a um inferno existente, mas ao local de castigo que existirá após a ressurreição. Jesus perguntou aos fariseus: “Como vocês escaparão da condenação ao inferno [geena]?” (cf. Mt.23:33). Também disse aos fariseus que eles faziam discípulos para depois os tornarem “duas vezes mais filho do inferno [geena] do que vós” (cf. Mt.23:15), e que “é melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno [geena]” (cf. Mc.9:45). Qualquer um que disser “louco” ao ser irmão, “corre risco de ir para o fogo do inferno [geena]” (cf. Mt.5:22).
A passagem mais clara de que o verdadeiro inferno à luz da Bíblia esta relacionado com algum tipo de punição para o ímpio não é um local para espíritos incorpóreos, até mesmo porque o espirito volta a Deus após a morte Ec 12:07, mas para onde vão os corpos físicos dos ímpios, é Mateus 5:29, onde Cristo diz que, “se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno [geena]”. Mas o que era esse geena, de que Cristo tanto falava? Geena era o nome dado ao Vale de Hinon, que se localizava ao sul de Jerusalém. Era um verdadeiro “lixão público”, local onde se deixavam os resíduos, bem como toda a sorte de cadáveres de animais e malfeitores, e imundícies de todas as espécies, recolhidas da cidade. Neste local, era aceso um “fogo que nunca se apagava”, pelo fato de que estava constantemente aceso, tendo em vista que suportava todos os tipos de lixo e carniça que eram ali despejados. Os dejetos que não eram rapidamente consumidos pela ação do fogo eram consumidos pela devastação dos vermes que ali se achavam – um cenário muito típico de um verdadeiro lixão público – que devoravam as entranhas dos cadáveres dos impenitentes que lá eram lançados, em um espetáculo realmente aterrador.
Por isso mesmo, o fogo não podia ser apagado, para a preservação da saúde do povo que viva naquelas redondezas. Este quadro histórico do “Vale de Hinon” ou “Geena” também é o quadro espiritual do fim dos pecadores que, de acordo com a Bíblia, serão ali lançados. Este é exatamente o mesmo quadro também relatado por Isaías, no último capítulo de seu livro:
“E sairão, e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne” (cf. Isaías 66:24)
Exatamente o mesmo cenário histórico é retratado por Isaías como o cenário do juízo final. Isaías não contemplava “almas” ou “espíritos” vivos entre as chamas, mas sim cadáveres, ou seja, pessoas mortas. Não existe vida eterna no geena. O geena era um local de impurezas, e no Reino de Deus “não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (cf. Ap.21:27). Aquilo que era considerado impureza era lançado no geena para ser completamente consumido e devorado pelo fogo e pelos vermes, o mesmo cenário do destino final dos pecadores!
Cristo ao aludir o cenário do Vale de Hinon, estava dando um tipo de lição aos seres humanos que toda escolha terá uma recompensa assim como na lei os ímpios eram lançados nesse vale não para sofrer eternamente e sim deixados mortos literalmente, e ao esquecimento, também o ímpio deixará de existir. Muitos querem se preocupar com destino do ímpio, se vão sofrer eternamente ou se serão aniquilados, mas isso com certeza é o de menos porque sofrer eternamente ou ser aniquilado comparado a eternidade com Deus tem a mesma medida de punição, por tanto se preocupe em estar eternamente com Deus.