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Por que eu digo não ao DESÂNIMO

Por que eu digo não ao DESÂNIMO
Tipo: Estudos bíblicos / Autor: Pr. Elcio Lourenço

Por que eu digo não ao DESÂNIMO

Por: Pastor Elcio Lourenço. Pastor desde 1968.
www.pastorelcio.com
Eu me arriscaria a dizer que o desânimo pode surgir de duas vertentes diversas, uma gerada pelo cansaço em buscar algo que parece nunca chegar às nossas mãos, e outra quando se perde um bem, uma posição, ou uma pessoa querida .

Considero, por outro lado, difícil afirmar que, em algum momento da vida, qualquer um de nós não chegou à beira do desânimo. O elemento importante é, contudo, a capacidade de emergir desse tipo de pântano psicológico ( Sl 40:2 ) e espiritual e recomeçar.

O que nos interessa não são os aspectos emocionais ou psicológicos da questão, mas sim avaliar qual a posição da Palavra sobre estas duas situações, uma vez que nossa meta, como servos de Deus, deve envolver objetivos eternos, e não simplesmente uma vida material onde tudo corre as mil maravilhas.

Davi é claro ao afirmar que o justo vai prosperar em tudo, e não que tudo será imediatamente tranqüilo, enquanto que o ímpio se compara a um pó de feno levado pelo vento ( Sl 1:1-6 ).

Paulo faz uma análise contundente sobre o enfrentamento das desventuras que atingem aqueles que se decidiram por Cristo, mas sempre com um resultado final vantajoso para nós:

…“Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandece em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”. (1)

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.” (2).

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados: perplexos, mas não desanimados ” . (3).

“Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos.” (4)….

…“Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada no meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de Deus”. (5). ( II Cor 4:1-15 ).

(1) Aquilo que está reservado para os remidos é tal qual uma luz, que resplandece nos corações, uma vez que Deus é luz e nele não há qualquer sombra ( Tg 1:17 ).

(2) O homem é pó ( Gn 1:7; Sl 103:14 ), e mesmo quando possui a natureza de Deus, provida pelo Espírito Santo, continua sua jornada terrena envolto no corpo carnal que recebeu ao nascer, até que venha o que é corruptível se revestir da incorruptibilidade ( I Cor 15:53-54 ), por isso o tesouro divino está guardado em vasos de barro.

(3) Neste ponto, Paulo dá início a uma avaliação de situações paradoxais, onde o homem é submetido a toda experiência dura, mas se mantêm intacto no seu interior, com destaque para a posição onde a realidade do mundo, a maldade dos homens, e as dificuldades para que a Palavra seja aceita soa a maior razão de perplexidade, mas não levam ao desânimo.

(4) Certamente os que andam com Deus serão alvo de perseguições ( II Tm 3:12 ), e poderão sofrer, inclusive, danos materiais momentâneos ( Veja a estória de José: Gn 37/39/40/41 ), mas nunca os poderão destruir ( muro de bronze: Isa 45:2 ).

(5) Esta situação permite que a graça individual seja propagada como graça geral, para a salvação de almas que comporão o corpo de Cristo ( brilhe a vossa luz: Mt 5:14 ).

É, assim, que a queda de um justo não significa sua derrota, mas somente um acidente de percurso

“Pois sete vezes cairá o justo, e se levantará, mas os ímpios são derrubados pela calamidade.” ( Pv 24:16 ).

Um exemplo do esforço que o mundo, o diabo e os inimigos fazem para desanimar os justos em sua missão de implementar o reino eterno nos é dado no livro de Esdras, quando o rei Ciro ( uma pessoa que serviu a Deus sem ser judeu: Isa 45:1-4 ), teve a iniciativa de reconstruir o templo de Jerusalém e devolver a ele o que havia sido tirado por Nabucodonosor ( Ed 1:1-11 ).

Os inimigos locais, tentaram, todavia desanimar o povo de Israel para realizar a obra, isto depois de tentarem a “artimanha” de fazer o trabalho com eles. As ações foram tão intensas que o trabalho parou até o reinado de Dario ( Ed 4:1-24 ).

“Então o povo da terra pôs-se a desanimar o povo de Judá , e a atemorizá-lo para que não continuasse a construir.” ( Ed 4:4 ).

Esta mesma sistemática foi usada contra Neemias:

“Quando Sambalate ouviu que reedificávamos o muro, ardeu em ira e se indignou muito, e escarneceu dos judeus.”

“Disse na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isto? Sacrificarão? Acabarão a obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?”

“Tobias, o amonita, que estava ao seu lado, disse: Ainda que reedifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de pedra.” ( Neem 4:1-3 ).

Ao analisarmos a primeira das vertentes , aquela ligada a busca prolongada e ao cansaço de enfrentar novos desafios a cada dia, devemos respeitar uma orientação do sábio Salomão que, de certa forma, a explica:

“A esperança adiada faz adoecer o coração, mas o desejo cumprido é árvore de vida.” ( Pv 13:12 ).

Este tipo de situação atingiu a muitas pessoas cujas estórias está registrada na Palavra e dentre elas poderíamos citar:

ELIAS: Grande profeta de Deus, que suportou bem a s agruras da seca e a oposição dos falsos profetas de Baal mas que entrou em desânimo profundo quando pensou que sua missão havia falhado e que ninguém mais buscava a Deus em Israel, embora isso fosse uma suposição e não um fato ( I Rs 19:1-21 ).

JOÃO BATISTA: Chamado por Jesus “o maior homem nascido de mulher” ( Mt 11:11 ), não se prendia a nada que era terreno, de modo que parecia imune ao desânimo tendo se mantido fiel a sua missão mesmo sob ameaças, mas preso e condenado à morte, foi atacado pela dúvida: “Será que realmente eu batizei o filho de Deus” , o ponto de ter que enviar discípulos seus para conferis com o Mestre esta verdade ( Lc 7:18-35 ).

O POVO DE ISRAEL: Escolhido por Deus para um projeto grandioso foi, sempre, vítima do desânimo por uma série de razões menores, destacando-se o episódio da inspeção da terra, quando encontraram lugares maravilhosos, mas também gigantes e queriam voltar para o Egito, e, portanto, para a escravidão ( Nm 13/14 ).

Seria sábio aprender com eles que o desânimo tem como elemento de incentivo a preguiça, o medo e a covardia, ou seja, é melhor ser escravo dos egípcios e comer e beber repolhos nas panelas do que ser livre e conquistar uma terra que manava leite e mel , e que, devido ao desânimo, surge a murmuração, e com ela dado o poder da palavra, a depressão.

Esta é uma situação que pode ser contornada e atenuada pelo homem , mas que somente tem solução real em Deus

( Sl 43: 1-(5);Isa 61:1-4; Sal 130:1-6; Lm 3:55-57 )

O desânimo atinge os mais fracos primeiro, mas, com o passar do tempo, contamina até aos fortes que estejam em contato com os desanimados. Devemos lembrar que, ao dizermos “Não ao MEDO” , relatamos uma das regras de Deus que exigia o afastamento dos covardes dentre os que saiam à batalha, para evitar que seu medo influenciasse os demais ( Dt 20:8-10 ).

Uma demonstração dessa situação nos é trazida na figura do líder do êxodo de Israel na busca de Canaã:

MOISÉS: Manteve-se à frente do povo com grande poder de Deus, haja vista a travessia do Mar Vermelho ( Ex 14:1-31 ), mas chegou ao desespero ao perceber que Deus não mais aceitaria a rebelião do povo, que fizera para si um bezerro de ouro, e fez, inclusive, uma proposta estranha e inadmissível:

…“Assim tornou Moisés ao Senhor, e disse: Oh! este povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro.”

“Agora, peço-te, perdoa o seu pecado; ou, se não, risca-me do livro que escreveste.”

“Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei do meu livro.” ( Ex 32:1-33 ).

O apóstolo Pedro qualifica aqueles que desanimaram em aguardar a segunda vinda de Jesus, e pregam esse desânimo aos outros, de escarnecedores e corruptos ( I Pe 3:1-13 ).

No que tange a segunda vertente não existe muita dificuldades em identificar alguns personagens:

JÓ E SUA ESPOSA: Possuíam tudo e ficaram sem nada, mas enquanto manteve sua fidelidade para com Deus, a mulher simplesmente queria desistir de tudo e morrer ( Jó 2:1(-9)-10 ).

MARTA: Tendo perdido seu irmão Lázaro, praticamente culpou a Jesus pelo ocorrido, e não conseguia entender que o Mestre estava ali para trazer de volta alguém morta havia quatro dias, o que a levou a uma verdadeira discussão com Cristo ( João 11:1-45 ).

A MULHER DE LÓ: Tão consternada ficou com a perda de sua casa e de seus bens em Sodoma, pois eles eram ricos ( Gn 13:7-11 ), e deviam ter muitas coisas, que desobedeceu a ordem divina, olhando para trás, o que lhe custou a vida ( Gn 19:24-(26)30 ).

Os desafios são algo real e presente nas vias de justos( Jo 16:33 ) e injustos, mas é possível verificar que existiram pessoas descritas nas Escrituras que simplesmente não desanimaram:

O personagem
O que enfrentou
Referências

Enoque
Viveu com Deus por 365 anos sem mudar nem um pouco de posição.
Gn 5:21-24

Noé
Por mais de cem anos construiu uma grande caixa de madeira cuja utilidade lhe era somente em parte conhecida, e, sem dúvida, sob as maiores críticas dos que o cercavam.
Gn 6:1-22 e 71-24 e 8:1-22 e 9:1-19

Isaque
Cavou poço após poço, e os inimigos os tomavam. Como ele insistiu quem desanimou foi o inimigo
Gn 26:1-(18-22)-25

Jacó
Teve seu salário mudado muitas vezes por seu sogro, todavia manteve-se em seu propósito e triunfou.
Gn 29:1-20-(21-27) e 30:1-43

Jacó
Lutou com o anjo de Deus no vale de Jaboque, e, mesmo ferido, não desanimou.
Gn 32:3-21

José
Perdeu tudo que tinha na casa de seu pai, mas não mudou sua confiança em Deus, chegando a governador do Egito.
Gn 37/39/40/41

Rute
Sendo viúva não aceitou deixar a sua sogra e ficou com ela até encontrar outro esposo e se tornar ascendente de Jesus.
Rt 1:1-(16)-22 e 2:1-23 e 4:1-12; Mt 1:5

Destaca-se o fato de que estes personagens já foram trazidos nos outros tópicos da nossa meditação, o que nos confirma relação que existe entre os elementos analisados.

As determinações de Deus sobre o desânimo são taxativas e este é repudiado e mesmo punido:

A orientação da Palavra
Referências

Quem lança mão ao arado e olha para trás fica proibido de seguir a Jesus.
Lc 9:62

Somente os fiéis até a morte terão direito a coroa da vida.
Ap 2:10

Aquele que tendo recebido somente um talento desanimou em aplicá-lo foi lançado às trevas
Mt 24:14-(24-30)

Deus adverte Israel para que não fique desanimado diante dos inimigos
Isa 7:4

Não estamos vivendo uma época em que as expectativas sejam animadoras , pois o pecado aumenta, e, com ele, o afastamento de Deus, razão primária para o desânimo, sendo todavia este indicador algo bom para os que andam com Deus, pois revela que a vinda de Cristo e nossa redenção final se avizinham:

“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra as nações ficarão angustiadas e perplexas (sem ânimo de agir) pelo bramido do mar e das ondas.”

“Homens desmaiarão de terror, na expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo, pois os corpos celestes serão abalados.”

“Então verão vir o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória.”

“Quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima.” ( Lc 21:5-23 ).

Paulo nos fala sobre a característica dos nossos desafios, onde o que sofre a pressão do mundo é o homem exterior, que, de qualquer maneira, será destruído, pois carne e sangue não entram na glória ( I Cor 15:50 ), mas o ser interior se renova, o que reforça o nosso ânimo:

“Pois a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação.”

“Por isso não desfalecemos (ou não desanimamos). Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.”

“Portanto, nós não atentamos nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem.”

“Pois as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas.” ( II Cor 4:16-18 ).

A estratégia preferida do inimigo para nos desanimar é atacar os principais pontos de nossa relação com Deus, ou seja, a fé, a esperança e o amor, por Ele e pelo próximo;

FÉ: “ Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” ( Hb 11:6 ).

ESPERANÇA: “ A eles Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória.” ( Col 1:27 ).

AMOR: “No amor não há medo (E, portanto, desânimo) . Antes o perfeito amor lança fora o medo, porque o medo produz tormento. Aquele que teme não é aperfeiçoado em amor.” ( I João 4:18 ).

( Col 1:9-14; Cl 3;12;Rm 15:13;Hb 6:9-12; Isa 12:1-6;Sal 34:1-22 ).

Estas virtudes divinas que devem estar em nós, como frutos do Espírito ( Gl 5:22 e 6:12 ), nos tornam “vacinados” contra o desânimo, conforme se declara Paulo:

“Não digo isto por causa de necessidade, pois já aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação.”

“Sei passar necessidade, e também sei ter abundância. Em toda maneira, e em todas as coisas aprendi tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.”

“Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” ( Fil 4:11-13 ).

Ao nos orientar sobre a busca de Deus, Jesus propõe a parábola do juiz iníquo, já ponderada em nosso estudo, centrada na busca contínua, sem desânimo:

“Jesus contou-lhes uma parábola sobre o dever de orar sempre, sem jamais esmorecer.” (não desanimar).

“Havia numa cidade certo juiz que não temia a Deus nem respeitava o homem.”

“Havia também naquela mesma cidade certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.”

“Por algum tempo não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,”

“todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.”

“Disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.”

“Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que os faça esperar?” ( Lc 18:1-7 ).

Paulo nos recomenda que atuemos no sentido de ajudar os que se encontram desanimados:

“Exortamo-vos também, irmãos, que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados , sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos.” ( 1 Ts 5:14 ).

Pr. Élcio Lourenço

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