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Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
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OBRAS DA LEI MANUSCRITOS DO MAR MORTO

OBRAS DA LEI MANUSCRITOS DO MAR MORTO

TRADIÇÕES, OBRAS DA LEI OU MANUSCRITOS DO MAR MORTO 1ª PARTE

Iniciemos as postagens, neste blog, com este belo estudo do site “Emunah a Fé dos Santos”, elaborado pelo nosso chaver Thiago.
Aproveitem bem este estudo.

Fonte: http://emunah-a-fe-dos-santos.weebly.com/

Hoje, irmãos, todos nós temos imensos obstáculos a ultrapassar a vários níveis, pessoal, profissional, até mesmo em termos de espiritualidade, e desde sempre tem havido protagonistas antagónicos à Fé, mas neste presente século eles são exponenciais.
A crise mundial, ao ser interpretada só em termos de ordem financeira fica aquém da sua verdadeira dimensão. As suas verdadeiras causas leva-nos à falta de valores, de princípios éticos, e tudo isso aliado ao fato do Eterno estar ausente do coração da maioria das pessoas que labutam (Eclesiastes 2:23-26).

Eclesiastes 2:23-26 “Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade. Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Yahweh. Pois quem pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu? Porque ao homem que é bom diante dele, dá Yahweh sabedoria e conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e amontoe, para dá-lo ao que é bom perante Yahweh. Também isto é vaidade e aflição de espírito.”

A luta material não tem fim, mas o nosso inimigo sabe que já tem pouco tempo (Efésios 2:2 e Atos 26:18), e o sistema que ele domina reflete-se em todas as áreas, até nas que parecem mais inofensivas. Como tal, há que se estar bem atento. A tradição e os costumes que estão tão arraigados no nosso dia-a-dia, mesmo em questões simples de linguagem; na maior parte das vezes, afastam-nos do Altíssimo. Assim para além do Testemunho que nos é aconselhado (Romanos 13:12), também entre nós, devemos de alertarmo-nos uns aos outros (Romanos 15:14 – Salmos 19:11).

Romanos 13:12 “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.”

Romanos 15:14 “Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros.”
Salmos 19:11 “Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa”.
Sobre o fato da própria linguagem, ter sido manipulada por satanás, por acaso (e felizmente), no mundo lusófono, imperou o costume judaico, ao se intitular os nomes dos dias da semana como dias de trabalho/feira, (ex. segunda-feira; terça-feira; quarta-feira etc.).

Já no caso dos nossos irmãos “hablas español”, a situação é diferente, pois ao citarem cada um dos dias da semana, estão sempre a “invocar” os nomes de deuses pagãos (martes, lunes, viernes, etc.). Situação semelhante acontece entre os povos anglo
/saxónicos, como é o caso do sétimo dia da semana ser chamado de “saturday” – o dia de saturno; ou o “sunday”- dia do sol, em alusão ao deus-sol, a mesma divindade pagã que está na origem do Natal, etc.
Como não podia deixar de ser, no melhor pano cai a nódoa. Isto porquê?

Porque mesmo entre o povo santo, o paganismo também ganhou força, ao ser dado o nome de um deus pagão ao quarto mês do calendário judaico tradicional (Ezequiel 8:13-15):

Ezequiel 8:13-15 “E disse-me: Ainda tornarás a ver maiores abominações, que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da casa de Yahweh, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Tamuz*. E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda tornarás a ver abominações maiores do que estas.”

*Tamuz, uma divindade pagã, foi o nome dado ao quarto mês do calendário judaico tradicional (calendário de Hillel II/Calendário rabínico).
Tudo isto são coisas em que devemos refletir.
Outro exemplo: até há bem pouco tempo, a minha mente não se incomodava com o vocábulo “arco-irís” para denominarmos aquelas sete cores do arco que aparece no céu.

Arco celeste ou Arco do Concerto de Noach/Noé
Hoje já tento evitar denominá-lo assim, pois “iris”, é o nome duma deusa do panteão grego, logo prefiro vê-lo como o “arco do concerto de Noé” ou “arco da Aliança”, mas tudo menos irís.

A própria Bíblia, mesmo nas suas versões contemporâneas, felizmente, nunca intitula esse “arco do concerto” como “arco-íris”, mas sim como arco-celeste. (Apocalipse 4:3; 10:1).

Até a própria ciência, que se diz ser a antítese da religião, faz jus à sua “religiosidade” ao dar também o nome de irís à parte mais visível do olho humano. Isto porquê?

Porque Irís seria uma deusa (pagã) que exercia a função de arauto divino. Na sua tarefa de mensageira, a deusa deixava um rastro multicolorido ao atravessar os céus. (fonte: Wikipedia).

E assim chegamos ao propósito deste estudo, A Tradição pela qual Yeshua em certas ocasiões denunciou quando se substituía a Palavra de Yahweh, assim como a luta constante que Paulo travou contra as obras da lei.

Mateus 15:2-3 “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Elohim pela vossa tradição?”

Romanos 3:20 “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.”

Paulo, quando escreve o termo “obras da lei” nas suas epístolas muitas vezes é incompreendido dentro do espirito da Lei, no entanto passamos a entender melhor esta questão quando é explicado à luz da mais recente evidência arqueológica:

Os Manuscritos do Mar Morto.

Os textos traduzidos pelos eruditos Qimron e Stugnell dão-nos algumas pistas:

As “obras da lei” não são nem mais nem menos do que um corpo de escritos existentes do primeiro século, o Miqsat Ma’ase há-Torah ou MMT, que só recentemente foi recuperado. Esta descoberta faz com que Paulo torne-se mais inteligível para a Fé dos nossos dias.

Houve um ataque à Fé em todo o mundo por muitos séculos, na tentativa de eliminar o conceito de que a Lei (Torá) não é mais válida, com base em comentários de Paulo de difícil compreensão (2 Pedro 3:16), como por exemplo em Gálatase Romanos.

Hoje, mais do que nunca, percebe-se que os argumentos são espúrios; no entanto, mesmo assim esta questão não tem sido bem compreendida. Mas com a identificação do que são realmente “as obras da lei”, o que para uns parecia contradição, hoje torna esse entendimento obsoleto.

Entre 1947 e 1956, centenas de manuscritos antigos – incluindo cópias de quase todos os livros do chamado Antigo Testamento – foram descobertos, dentro de grandes vasos de barro, escondidos em onze cavernas, nas montanhas do lado oeste do Mar Morto.

Ao analisar a sua caligrafia e a submetê-los a testes radiométricos, os arqueólogos ficaram pasmados ao constatar que esses documentos tinham cerca de dois mil anos de existência! Alguns tinham sido escritos nos tempos de Yeshua e outros até dois séculos antes.

*Quem teria escrito os famosos Manuscritos do Mar Morto?

*Por quem teriam sido escondidos, nas cavernas do remoto e inóspito deserto da Judeia?

*Que segredos eles escondem?

Estas e outras questões continuam a ser objeto de debate até hoje por arqueólogos, historiadores, filólogos e teólogos. Mas a ponta do véu já foi aberta tendo sido dadas respostas surpreendentes.

A par de outras descobertas uma dessas respostas ocorre num manuscrito conhecido no campo académico como MMT(abreviatura da expressão Hebraica Miqsat Ma’ase há-Torah = importantes obras da lei). Esse é o único escrito, fora da Bíblia, no primeiro século que usa a expressão “obras da lei”.

Antes da sua descoberta, esta expressão só aparecia nas cartas do Apóstolo Paulo, onde severas críticas são feitas às “obras da lei”. Paulo ensina, por exemplo que “o homem não é salvo pelas obras da lei” (Gálatas 2:16) e que “todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo da maldição” (Gálatas 3:10).

No decorrer deste estudo veremos que o termo “obras da lei” refere-se a uma análise sectária de purificações rituais que não têm base no caminho ensinado por Yeshua.

Não se referem em absoluto às Leis de Yahweh para a salvação espiritual. Referem-se a sacrifícios associados a rituais de purificação. É nisto que consiste e assim torna-se mais claro a compreensão de por exemplo Romanos 3:20-27.
Romanos 3:20-27 Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Yahweh, tendo o testemunho da lei e dos profetas. Isto é, a justiça de Yahweh pela fé no Messias Yeshua, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Yahweh; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há no Messias Yeshua. Ao qual Yahweh propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Yahweh. Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Yeshua. Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.

Neste e noutros versículos, o que Paulo queria dizer por “obras da lei”?

A maioria dos cristãos assumiram que ele está a falar na Lei de Yahweh dada através de Moisés, e concluíram muito apressadamente que já não mais precisam de obedecer à Lei.

O MMT, contudo, aponta para um significado totalmente diferente. Pode-se provar agora do que Paulo estava de fato a referir, quando alertava contra as “obras da lei”, que não era mais do que um conjunto de escritos que prevaleceram dentro do sectarismo judaico localizado ao redor de Qumran.
Na passagem acima Paulo diz, efetivamente, “por qual lei? Não pelas obras, mas pelo princípio ou Lei da fé.”

Esta é a extensão central ou fundamental da salvação para a humanidade. No entanto Paulo defende a Lei, que hoje os incautos dizem ter sido abolida.

Romanos 3:28-31 “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, Visto que Yahweh é Um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão. Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.”

Aqui, Paulo está a validar a Lei, mas diz que “as obras da lei” não são válidas. Não conferem qualquer salvação. A salvação vem pela fé em Yeshua. Então porque é que Paulo se envolveu nesta discussão?

De fato há um problema com as declarações de Paulo e a coerência do texto Bíblico, porque parece haver contradições entre o que ele explica.

Por um lado, Paulo diz que se deve defender os mandamentos e por outro lado ele diz que essas “obras da lei” não conferem vantagem. Este aparente conflito tinha que ser resolvido. A resposta final é que, existe clara distinção entre a moralidade e a lei ritual.

A expressão “obras da lei” no grego é “ergoon nomou” este termo foi usado na Septuaginta para traduzir do hebraico a expressão “ma’ase há-torah”.

Este termo oriundo da seita de Qumran, tornou-se comum no judaísmo rabínico do primeiro século, mas não fazia parte propriamente da lei oral, mas sim do pensamento judaico em geral.

O significado do vocábulo em si perdeu-se e tivemos que esperar pelo achado dos Manuscritos do Mar Morto (MMT) para se voltar a ter contato com o significado desta expressão que levou tantos, a distorcerem as Escrituras.
A partir destas descobertas pode-se então compreender, corretamente, Paulo.

Vamos assim rever alguns desses textos, dar uma espreitadela aos MMT propriamente ditos. Os escritos de Paulo tornam-se mais claros e a contradição aparente desaparece. Torna-se esclarecido que as “obras da lei” preocupada com detalhes de sacrifícios e de pureza ritual nada têm a ver com o conceito de salvação de acordo com as Leis que a Torá estabelece no chamado Antigo Testamento.

Hoje em dia estamos na era do conhecimento, e esta nova ferramenta, é tanto uma arma como um escudo contra os que procuram destruir a Fé e a Lei (Torá). O debate sobre o que Paulo disse efetivamente em Romanos e Galátas pode ser defendido e explicado através da compreensão.

A explicação sobre as “obras da lei” – a obra Miqsat ma’ase ha-Torah ou MMT – que não é nem mais nem menos do que uma carta da seita de Qumran (Os Essénios) e que foi introduzida no judaísmo sectário do primeiro século e desapareceu nos seguintes.

Após a dispersão, depois da destruição de Jerusalém, e finalmente depois da queda de Massada, o MMT foi perdido. Manteve-se numa caverna em Qumran.

A compreensão do que Paulo dizia estava “perdida”, então as pessoas e organizações que queriam se livrar das “Leis” contidas no Antigo Testamento, utilizaram a compreensão de meias verdades ou de passagens polémicas nos escritos de Paulo para minarem toda a mensagem, contida nas palavras de Yeshua, no famoso sermão relatado nos capítulos 5, 6 e 7 de Mateus.

As epístolas do chamado Novo Testamento (NT) também foram usadas para atacar as atitudes de Paulo, o adversário tentou, minar a compreensão dos gentios por um lado, e por outro, a dos próprios judeus convertidos.

Susya – Vestígios arqueológicos dos seguidores de Yeshua.
Os judeus que aceitaram Yeshua como o Messias, sentiam-se ameaçados por aquilo que Paulo tinha dito. Introduzindo uma aparente contradição nos textos bíblicos, Gálatas 2:13 dá uma ideia do que aconteceu.

Gálatas 2:13 “E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação.”

Por outras palavras, nem mesmo os escolhidos estavam livres de raciocínios torpes.

Gálatas 2:14-16 “Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé no Messias Yeshua, temos também crido no Messias Yeshua, para sermos justificados pela fé no Messias, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.”

A expressão “as obras da lei”, tem sido geralmente entendido como o funcionamento da lei, mas de fato o que é na realidade, é mais um título de um manuscrito da época, “Obras da Lei”, que como já dissemos se refere ao termo hebraico Miqsat ma’ase há-torah.

De agora em diante, podemos identificar isto como um título de um manuscrito judeu do primeiro século, o qual tenta transmitir alguma justificação através de obras. Gálatas 3:1-14 dá-nos uma melhor explanação.

Paulo refere-se a Abraão neste texto de Gálatas, porque o pai da nossa fé foi considerado justo. Em Génesis 22:16,Abraão dispõe-se a sacrificar o seu filho, Isaque conforme Yahweh ordenou, logo em certos casos, a fé é explicada através das obras, pelo conhecimento da vontade expressa do Eterno e não pelas obras agregadas através da tradição e cultura de uma determinada forma de raciocínio humana.

Salmos 106:30-31 “Então se levantou Finéias, e fez juízo, e cessou aquela peste. E isto lhe foi contado como justiça, de geração em geração, para sempre.”

O judaísmo contemporâneo da altura e mais tarde a “igreja” interpretando este feito de Finéias, consideraram-no justo para todas as gerações. Assim, os Essénios, os autores do MMT, e outros grupos que pensavam que a lei pode conferir a justiça pelas obras, aplicaram este e outros textos similares e o aplicaram como se a justificação pela retidão pudesse ser conferida através das ações dos indivíduos.

Os “Filhos de Sadoc” era o nome pelo qual se auto denominavam os da seita de Qumran; entendiam que Sadoc, (ou Sadoque) sumo sacerdote de David e de Salomão, era um descendente direto de Finéias que concordava com essa posição. No entanto o que Paulo diz é que nada é justificado perante Yahweh pela Lei, mas que é através da Fé que o Justo viverá.

Assim, a justiça é a obediência aos mandamentos através da fé. Adesão á Lei, sem a Fé, num sistema maior, não é nada. Este é o conceito que aqui se trata.

Esta visão física permaneceu, embora existam muitos textos bíblicos, como em Isaias 9:1-6 que fala do Messias, assim como em Isaias 53, que fala do seu sofrimento e da eliminação do pecado. Estes textos apontavam para o sacrifício expiatório do Messias para a efetiva remoção do pecado.

Mas, a maioria dos judeus do primeiro século acreditavam que através das obras poderiam alcançar a justiça. Como Paulo disse: ”Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou? Recebestes o Espirito pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?” E em seguida falou de Abraão.

O MMT, evidentemente, interpreta e amplia, de maneira extremada e distorcida certos pontos do Antigo Testamento. A sua preocupação reside em questões de pureza, em não misturar o puro com o impuro, ou não incorrer no erro do “jugo desigual”. O MMT considera tais praticas como essenciais à religião.

O apóstolo Paulo posiciona-se firmemente contra esse ensinamento que, como mostra o MMT, parece ter sido bastante difundido naquela época.

O MMT comete o erro de achar que impureza é meramente uma questão externa, ritualística, e não moral, do íntimo do coração. Para Paulo, religião meramente exterior e ritualística não tem qualquer virtude, porque todos somos“justificados pela fé no Messias, e não pelas obras da lei, porque pelas obras da lei ninguém será justificado” (Gálatas 2:16).

A Lei de Yahweh, porém, continua sendo “santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7:12).

Yeshua jamais foi contra a Torá, mas sim, contra os legalismos oriundos da tradição oral, e das “obras da lei”; ou seja, leis humanas tidas como de igual ou superior valor à Torá do Eterno.

Yahweh ALERTOU PARA QUE NADA FOSSE ACRESCENTADO OU TIRADO DA SUA PALAVRA:

“Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela” (Deuteronómio 4:2),
Logo, Uma questão se coloca: O Que é e Quais são as “obras da lei”?

Continua na 2ª parte.

TRADIÇÕES, OBRAS DA LEI OU MANUSCRITOS DO MAR MORTO 2ª PARTE

SEGUNDA PARTE
Fonte: http://emunah-a-fe-dos-santos.weebly.com/

Logo, Uma questão se coloca: O Que é e Quais são as “obras da lei”?

Quimron e Stugnell fizeram uma reconstrução das obras da lei nos textos do MMT (Manuscritos do Mar Morto).
Para melhor entendimento dividiram o texto em três partes:

* A primeira, trata sobre questões de calendário, composto em linhas e números de 1 a 21.

*A segunda são textos com secções de leis, numerados de 1 a 82

*E em terceiro lugar, uma espécie de epílogo que contem textos numerados de 1 a 32.

Fragmentos de seis cópias separadas de MMT foram encontradas em Qumran, portanto não se trata de um texto isolado, mas de múltiplas cópias.

Abaixo reproduz-se alguns extratos do Miqsat Ma’ase há-Torah ou MMT:

Linha Um diz: [o décimo sexto (dia) do (ou seja, o segundo mês) é um sábado].

Ora, estas não são posições bíblicas. Estes dias baseiam-se talvez, no calendário solar em Qumran, o que é de fato um erro (visto o calendario bíblico ser luni-solar e não apenas baseado no sol). Este é um dos motivos porque o MMT não sobreviveu para além do II século, visto o Talmud ter por base o sistema de calendário luni-solar.

A Reconstrução diz:

O vigésimo terceiro dia (do mês) é um Sábado. O trigésimo [do mês é um sábado. O sétimo do terceiro (mês) é um sábado – o décimo quarto do mês, é um sábado – o décimo quinto do mês é a Festa das Semanas [Pentecostes caí então nos, 14º e no 15º do terceiro mês para Qumran: (Isto é contrário ao que diz Levítico 23) . O texto continua]. II- O vigésimo primeiro dia do mês é um sábado. O vigésimo oitavo é um sábado. Depois disso (ou seja, o Sábado), domingo e segunda-feira, [terça-feira deve ser adicionado (a este mês).*

*Estas são reconstruções nos nomes dos dias que usamos para melhor se compreender o texto do MMT.

O texto continua:

E a estação termina – noventa e um dias. O primeiro dia do quarto mês é um Dia Memorial. O quarto]
III-do mês é um Sábado. O décimo primeiro é um Sábado. O décimo oitavo do mês é um Sábado. O vigésimo quinto dia do mês é um sábado. O segundo do quin[to mês é um Sábado. O terceiro do mês é a Festa do Vinho (Novo) …
IV- O nono é um sábado]. O décimo sexto do mês é um Sábado. O vigésimo terceiro dia do mês é um Sábado. O trigéssimo [do mês é um sábado. O sétimo sexta (mês) é um sábado. O décimo quarto do mês é um Sábado …

O texto, enumera todos os Sábados do ano, e completa o ano com outros Sábados, através de festas do azeite novo, e das festas da oferta da madeira. Estes não são de fato Festas ou Dias Santos indicados pelo Altíssimo. Há uma série inteira de festivais no calendário, que estão indicados nas “Obras da Lei”, que são impostos às pessoas sem qualquer apoio Bíblico. Aparentemente Barnabé foi influenciado por estas “leis”, de tão insidiosas que foram estas práticas no primeiro século.

O texto continua:

1 Ora, estas são algumas das nossas regras que são [algumas das regras de acordo com]
2 [os] preceitos (da Torá), de acordo com a [nossa opinião e] de todos os interessados […]

É preciso lembrar que estes são papiros encontrados com cerca de 2000 anos, e alguns dos fragmentos estão em falta. Há reticências (. . .) nos fragmentos.

O texto continua:

3, e a pureza de [o … E quanto à semeou os] novos grãos de trigo dos [gentíos os quais eles …]
4 e deixe que seu […] o toque e o pro[fane, e ninguém deveria comer]
5 nenhum grão de trigo novo d[os gen] tios, [nem] deveria ser trazido para o santuário.

Aquí vemos o conceito – não comer – não tocar – não saborear. Agora os comentários de Paulo fazem todo o sentido. Ele fala das “Obras da Lei”, e isso é o que este texto refere.

Paulo diz que não nos devemos deixar absorver por estas práticas. O texto diz – não toque nisso – não saboreie isso – e não faça isso (Coloss 2:21). Não são estas práticas que conferem justificação. A justificação vem através de Yeshua ha-Maschiach.

É preciso lembrar que estes são papiros encontrados com cerca de 2000 anos, e alguns dos fragmentos estão em falta. Há reticências (. . .) nos fragmentos.

O texto continua:

Esta é uma descoberta completamente nova, é um texto de tradução importante. Esta é também uma das razões pela qual os textos de Qumran ficaram retidos antes de serem publicados, durante quase 50 anos.

Os textos vêm também pôr em causa os argumentos do protestantismo moderno. Fica sem sentido a posição contrária das filhas de Roma contra o Sábado e os dias Santos instituídos por Yahweh. Os modernos antinomianos (que defendem a inutilidade da Torá) hoje são silenciados pela publicação deste texto. As suas posições contra a “Lei”, são absolutamente indesculpáveis.

Vamos agora aos conceitos (na linha 5):

Nenhum grão de trigo novo d[os gen] tios, [e] deve ser trazido para o santuário. [E com respeito ao sacrifício da oferta pela purificação]
6 que cozinhem em uma panela [de cobre e eles ..] sobre isso,
7 a carne de seus sacrifícios, que eles […] no pátio do templo (?) …

E assim, chegamos a falar sobre os sacrifícios e de como deveriam proceder no pátio do Templo. Eles, os Essénios não tinham o controle do Templo em Jerusalém, nem reconheciam a autoridade dos saduceus nem dos fariseus, seitas que eles consideravam demasiado brandas. Mas tinham construído um edifício menor que chamavam de “templo”.

O que eles faziam, era estabelecer regras para algo que não tinham controle. Mas, através deste texto diziam aos fariseus e demais autoridades, como deveria funcionar a estrutura.

O texto converteu-se num documento muito persuasivo em todo o Médio Oriente do primeiro século. A sua influência era tão forte que o próprio Paulo teve que dedicar grande parte das suas duas cartas, Romanos e Gálatas, a combater este texto. Quão ampla deve ter sido a sua difusão.

Continuação:

8 o caldo dos sacrifícios. E sobre o sacrifício dos gentios: [somos da opinião de que eles] sacrifiquem
9 para o […] isto é como (uma mulher) que fornicou com ele, [E no que diz respeito à oferta de cereais] o sacrifício
. . . quanto as peles e ossos de animais imundos. É proibido fazer pégas de vasos com os seus ossos e peles.

Em outras palavras, atacavam diretamente tudo o que os Gentios faziam nos sacrifícios do Templo. Os seus opositores deixavam a oferta de cereais de um dia para o outro. Eles sustinham que deveria ser comido antes do pôr-do-sol do dia em que foi sacrificado.

No entanto, aqui vislumbra-se o aparecimento do conceito, tal como João descreve, que fala da mulher, em relação à religião falsa, que é uma prostituta, visto ser da cultura popular da época considerar a religião falsa como se fosse uma rameira ou uma mulher adúltera na relação com Yahweh.

O texto também fala de como se deveria fazer os sacrifícios, ou sobre o que os opositores faziam, de deixarem até ao dia seguinte, mas está escrito, e no ponto 11, afirma-se que a oferta de cereais deveria ser comida depois do pôr-do-sol, e que a carne deveria ser oferecida no dia em que foi sacrificada, antes de anoitecer. Pois os filhos dos Sacerdotes deveriam ter o cuidado de colocar isto em prática, e de não levar as pessoas a sofrer a punição.

O MMT também se refere às regras de pureza da oferta da vaca de purificação, ou seja, o sacrifício da novilha vermelha. O que a sacrifica, o que a queima, e quem recolhe as cinzas, quem deveria espargir a água da sua purificação; e ao pôr do sol que todas essas pessoas são purificadas.

Lemos sobre a oferta da novilha vermelha em Números 19:2 em diante. Os escritores do MMT estavam preocupados principalmente com os sacrifícios, e a regulamentação de todos eles. Entretanto, vemos Paulo uma vez mais a dizer-nos, que estas purifações sacrificatórias foram abolidas. Foi ocheirographon, ou seja, a “dívida” que foi cravada na cruz, Colossenses 2:14.

Isto são questões e disparates instituídos que Paulo teve que combater, porque enfraqueciam a eficácia do sacrifício de Yeshua. No entanto, Paulo nunca contestou a Lei do Antigo Testamento. A luta de Paulo era contra um “corpo de lei” que interpretava de forma sectária partes da Torá do Eterno.

As seitas judaicas do tempo de Yeshua tinham feito um conjunto de regras secundárias, das quais, grande parte foram mais tarde compiladas no Talmud, e que na época formavam um corpo de leis que regulavam todos os detalhes da sua vida diária, e que se tornaram uma extensão do próprio judaísmo rabínico. O seu procedimento por exemplo, era deveras obcecado com a questão da lavagem das mãos, de como controlar os seus atos, do que deviam comer ou o que combinariam com as suas ofertas.

As “obras da lei” falam assim em três elementos, que também são abordados no Novo Testamento. É uma das razões pela qual há uma aparente contradição no que Paulo diz: Porque até então não sabíamos em que consistiam as Obras da Lei.

Mas agora sabemos que as Obras da Lei é um texto explicativo, tipo “mini-talmud”, que não concorda com o Antigo Testamento. Ao entender-se isto, tudo se torna mais simples na compreensão das cartas de Paulo.

Com o texto do MMT, os argumentos das “seitas” da atualidade (evangélicas) antinomianas, são destruídos por completo.

Qualquer um que diga hoje em dia que a lei foi abolida, nós podemos responder tranquilamente que não sabem aquilo que estão a afirmar. Hoje temos uma excelente arma para combater a apostasia e nos defendermos das heresias.

Estavam obcecados com a limpeza! Obcecados com os rituais. Era uma fixação que Paulo teve que abordar porque o Messias colocou a compreensão da “religião” numa base espiritual e não tanto física.

Aquela visão de religião era uma pedra de tropeço para todo o mundo, e continua a ser uma pedra de tropeço no entendimento atual. Somente quando se lê explicações sobre do que eram constituídas as “Obras da Lei”, é que nos damos conta da magnitude do problema que Paulo teve que enfrentar.

O MMT aborda os mais variados assuntos e tem regras próprias para muitos temas, como no caso da alimentação, de uniões proibidas e de matrimónio entre parentes, das deficiências físicas dos membros da congregação, ou do relacionamento com os Moabitas, e Amonitas, dos leprosos, das misturas de tecidos ou de sementes a semear no campo, ou mesmo de quem se podia ou não introduzir em casa.

Todos esses conceitos passaram a ser vistos em contextos físicos. Toda a estrutura do Espírito, a nossa compreensão daquilo que faríamos espiritualmente, foi completamente minada por este texto sobre as “obras da lei” que reduziu tudo a um nível físico em vez do sentido espiritual.

Podemos agora olhar para os textos, à luz do que Paulo provavelmente disse, de fato, com referência ao MMT. O texto ainda não é conclusivo, mas os eruditos estão medianamente seguros – e isso é na realidade aquilo que se trata.

As implicações são de fato revolucionárias, mas não tanto para nós, que sempre defendemos a Lei, o Sábado, as Festas, a alimentação kosher (apropriada), isto porque mesmo com deturpações das traduções, sempre se conseguiu discernir a Verdade quando analisamos a Palavra como um todo, e sabendo que Yahweh não muda, e que a sua Palavra não tem sombra de variação.

Tudo isto é revolucionário sim, para os protestantes modernos que ignoram a distinção da lei que foi claramente entendida por eles na Reforma, se bem que não tenham entendido de forma clara a Páscoa e outros dias Santos que nos ajudam a compreender o Plano de Yahweh para a salvação da humanidade, através da obra redentora e de expiação do Seu filho Yeshua ha-Maschiach.

Veremos de seguida alguns exemplos, de leis criticadas e rejeitadas por Yeshua, ou seja, leis rabínicas ou obras da lei, ou leis humanas que foram acrescentadas à Torah.

Os Escribas

Os escribas tinham o trabalho de copiar as Escrituras à mão, tomando um cuidado extremo, para assegurar cópias perfeitas do texto.

Os sacerdotes e os escribas do tempo de Esdras eram praticamente idênticos. Contudo, no tempo dos Macabeus, dividiam-se em dois grupos distintos. Os sacerdotes passaram a formar o grupo dos Saduceus. Os escribas, que eram chamados os Hassidim no princípio do século II aec., dividiram-se em dois grupos, sendo um o grupo dos Fariseus.

Os escribas passaram a ser os peritos na Lei e eram conhecidos como advogados e mestres da lei. Chamavam-lhes Rabis, que era um termo de respeito. Eram extremamente zelosos pela Lei e pela sua observância. Era de conhecimento geral que havia 613 mandamentos na Lei ou Torá (os livros escritos por Moisés), embora nem todos fossem muitos específicos.

Para ter certeza de que a Lei era seguida corretamente, deram-lhe interpretações e passaram essas interpretações ao povo como tendo tanta importância como as próprias Escrituras.

Devido ao zelo que tinham, aplicavam a Lei a todas as situações possíveis e imaginárias, criando assim centenas de regras minúsculas e ridículas, muito difíceis de cumprir. Estas regras criadas pelo homem eram conhecidas como “Lei oral”.

Pode-se ter uma ideia de como a Lei oral funcionava se repararmos, por exemplo, na lei que regulava o trabalho do Sábado (dia de descanso). Os escribas formaram leis à volta do Sábado, como se fosse uma vedação para proteger esse mandamento.

Por isso perguntavam: “O que é que constitui trabalho?” Consideravam trabalho andar mais do que 1 quilometro a partir da povoação em que se vivia (daí vem a expressão “caminho de um sábado”), carregar um fardo, etc. Quanto ao carregar um fardo, procuravam determinar o que constitui um fardo. Chegaram à conclusão de que um fardo era comida de peso equivalente a um figo seco ou á tinta necessária para escrever duas letras do alfabeto hebreu.

Mas havia sempre áreas de incerteza. Assim, passavam horas intermináveis a debater se era permitido, por exemplo, um alfaiate caminhar um pouco com uma agulha espetada na roupa, ou se era permitido usar próteses dentárias, ou se um pai podia pegar no filho ao colo. Curar era também considerado trabalho. Só era permitido se a vida da pessoa estivesse em perigo. E, mesmo assim, o tratamento só podia ser ministrado para evitar que a pessoa piorasse,

No tempo do ministério de Yeshua, a “Lei oral” acompanhava sempre, obrigatoriamente, a Lei transmitida Por Yahweh a Moisés e escrita por ele, e era aceita como tendo a mesma importância da Escritura (vulgo Velho Testamento); em muitos casos era considerada mais importante do que as Escrituras sagradas. E Yeshua não aceitava isso.

No século IV dec. as leis orais foram reunidas numa forma escrita e passaram a formar um documento conhecido como o “Mishná”. A este foi acrescentado um comentário conhecido como o “Guemará”. Estes dois volumes foram compilados numa obra que foi chamada de “Talmud”.

Certa vez, os discípulos sentaram-se para comer sem lavar as mãos, não seguindo a tradição religiosa daquele tempo. Este lavar das mãos era um lavar ritual, de purificação (MMT), não era simplesmente por razões de higiene. Os mestres da Lei perguntaram a Yeshua porque é que os discípulos não viviam segundo as tradições dos anciãos. Yeshua respondeu o seguinte:

Marcos 7:6-8 “Bem profetizou Isaías [Isaías 29:13] acerca de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas, que são mandamentos dos homens.’ Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes as tradições dos homens…”

O Eterno não tinha ordenado esta tradição na Lei escrita. Mas, mesmo hoje em dia, quando os Judeus ortodoxos lavam as mãos, pronunciam a seguinte bênção:

“Bendito és tu, Senhor, rei do universo, que…nos mandaste lavar as mãos.”

Por que razão é assim? Explicam que a Lei oral ordena que se obedeça aos Rabis e, ao obedecer aos Rabis, estamos a obedecer indiretamente ao Altíssimo. Portanto a bênção que pensam que Yahweh lhes ordenou para quando lavassem as mãos é, de fato, uma declaração da sua obediência à autoridade que crêem que o Eterno deu aos Rabis, para decretarem novos mandamentos.

Acreditam também que, durante os 40 dias e 40 noites em que Moisés esteve no Monte Sinai, lhe foi dada uma nova lei que era para ser transmitida oralmente, que ficou conhecida como Lei oral. O problema com os decretos rabínicos é que a própria Lei escrita ordena o seguinte:

Deuteronómio 4:2.“Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela”

E a Palavra também nos diz que Moisés escreveu tudo aquilo que o Eterno lhe ordenara (Êxodo 24:4-6).]

Os decretos rabínicos, fabricados pelo homem, constituem um acrescentar à lei. Por isso é que Yeshua disse aos escribas:

Mateus 5:6.“E assim invalidastes, pela vossa tradição o mandamento de Deus”

Os escribas diziam que Yahweh rejeitava todos aqueles que não conseguiam guardar a Lei, tal como eles a entendiam. Raciocinavam que, uma vez que as pessoas comuns não podiam estudar a Lei, tanto na forma escrita, como na forma oral, eram ignorantes daquilo que Yahweh queria delas e por isso nunca conseguiam agradar ao Eterno.

Consideravam-se a si próprios como os únicos que eram dignos. Devido a isso, tinham tendência a desprezar as pessoas comuns e referindo-se a elas como “os pecadores”.

Os Rabis, que passavam a vida a debater pontos minúsculos da Lei, falavam do “jugo da lei”, que o povo de Yahweh devia ter orgulho em carregar. Mas esta Lei, como já afirmamos, não era a Lei que o Altíssimo tinha dado originalmente através de Moisés, mas era a Lei escrita juntamente com a Lei oral, sendo esta muito mais exigente. Yeshua criticou-os com severidade, dizendo:

Lucas 11:46 “Ai de vós, também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar; e, vós mesmos, nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas.”

Os escribas tinham tendência a desmoralizar as pessoas. A Lei ficou tão difícil de suportar, que muitas pessoas desistiram simplesmente de tentar guardá-la. Como devem ter acolhido, com alívio, Yeshua quando lhes disse:

Mateus 11:28-30 “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

Os Rabis esperavam que os outros suportassem esta carga da “lei”. Mas eles nem sempre faziam isso. Yeshua disse o seguinte acerca deles:

(Mateus 23:3). “…dizem e não praticam”

Mateus 23:13 “Mas, ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino de YHWH; nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando”.

Com Esdras, que era sacerdote e escriba, não tinha sido assim. Ele mesmo vivera em estreita comunhão com o Senhor e exortava o povo a voltar a Yahweh (Neemias 8:1-18).

A grande tragédia quanto aos escribas era que estavam na letra e não no Espírito. De fato a letra da Lei mata. Tinham deixado de permitir que o Espírito Santo lhes falasse pela Bíblia e tinham imposto as suas próprias tradições como um filtro, pelo qual a liam. Eles próprios não estavam a receber a bênção que o Altíssimo tinha para eles e, além disso, estavam a impedir que outros a recebessem.

Os Fariseus

Os Fariseus eram, ao mesmo tempo, uma seita religiosa e um partido político.

No tempo do ministério de Yeshua formavam o grupo religioso mais numeroso em Israel, sendo constituído principalmente por Judeus comuns, muitos dos quais eram escribas. No tempo de Yeshua tinham uma grande influência dentro e fora do Sinédrio, que era a assembleia que governava os Judeus. De tempos a tempos colidiam com as autoridades romanas, mas, em geral, deixavam nas mãos de Yahweh a questão de quem devia governá-los.

Fariseu significa “separado”. Quanto à sua origem iam até ao tempo de Judas Macabeu, quando o partido Hassidim se formou para se opor à posição fraca dos sacerdotes e governantes. O partido Hassidim era conhecido como o partido “devoto”.

A sua preocupação era a observância rigorosa da letra da lei . No século II aec., o partido Hassidim dividiu-se em dois grupos: os Fariseus e os Essenos (ou Essénios). Os Fariseus eram um grupo religioso fanático que queria obedecer à lei escrita e também à lei oral, dando uma ênfase especial à observância da lei oral.

Preocupavam-se especialmente com a limpeza ritual. Os Essénios eram ainda mais severos, acreditando que a pureza ritual só podia ser conseguida pelo afastamento e isolamento da sociedade. Não possuíam nada, renunciavam a tudo o que fosse vida normal, incluindo o casamento. Como consequência, eram totalmente alheios à vida política.

Além de só comerem a comida que Yahweh aprovava como “limpa”, tantos os Essénios como os Fariseus tomavam precauções meticulosas quanto ao preparo desses alimentos. O preparo de cada refeição era um acontecimento complicado. Depois havia o assunto de lavar as mãos antes de comer. Não era por motivos de higiene, era o lavar cerimonial das mãos. Procedia-se da seguinte maneira:

Despiam-se os braços. Levantava-se um braço e deitava-se água pelos dedos estendidos e virados para cima, de modo que a água corria pela mão e pelo braço. Continuava-se a deitar água até chegar a uma determinada linha marcada no antebraço. Esse mesmo braço era então posto com a mão e os dedos virados para baixo. Era deitada água nesse mesmo antebraço começando pelo ponto mesmo antes daquela linha marcada, de modo que a água corria pela mão e saía pelos dedos. Repetia-se o processo com o outro braço.

Era a isto que os Fariseus chamavam lavar as mãos antes de comer. Em geral o povo admirava os Fariseus pelo seu zelo. Mas Yeshua não nutria essa admiração por eles. Criticou-os asperamente pelos seguintes motivos:

– Estavam mais preocupados em parecerem boas pessoas do que em obedecer a Yahweh. Gostavam de ser vistos como homens santos. Procuravam sempre os lugares mais importantes na sinagoga e gostavam que lhes chamassem “Rabi” quando eram cumprimentados no mercado (Lucas 11:43).

– Gostavam que as suas obras fossem vistas por toda a gente. Faziam um espetáculo da sua oração em público. Quando oravam, certificavam-se de que todos reparavam neles. Yeshua chamou-lhes “hipócritas” ou “atores” (Mateus 23:13). Também lhes disse que o que importa verdadeiramente é o que está no interior do homem.

Estas foram as Suas palavras:

Mateus 23:25,26 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina (avidez) e de iniquidade (satisfação dos próprios desejos). Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.

Mesmo antes de Yeshua, já João Batista tinha falado claramente contra eles, quando foram ter com ele para o ouvir no deserto. Disse-lhes:

Mateus 3:7-9 “…Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por Pai a Abraão, porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.”

A propósito da palavra “fogo”, é interessante notar que, sempre que Yeshua falou da geena, fê-lo quando se dirigia aos dirigentes religiosos (Mateus 23:15). A mensagem dEle para o povo não era acerca do fogo da geena, mas, sim de um Elohim de amor e de perdão, que esperava que fossem a Ele, tal como fez o filho pródigo.

Os Fariseus também classificavam as pessoas comuns como “pecadoras” por não cumprirem a prática religiosa. Os escribas consideravam as pessoas “pecadoras” porque não conheciam os pormenores da lei oral, ao passo que os Fariseus as consideravam “pecadoras” porque não cumpriam os pormenores dessa lei, o que eles próprios também não faziam. Criticavam-nas e desprezavam-nas.

Yeshua descreve a maneira normal dos Fariseus orarem, na parábola dos dois homens que subiram ao templo para orar. Contou o seguinte:

Lucas 18:11 “O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Elohim, graças te dou, porque não sou como os demais homens – roubadores, injustos e adúlteros…jejuo duas vezes por semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.”

Mas era injusto classificar as pessoas comuns (a maioria), como “pecadoras” só porque não observavam cada um dos pormenores da lei oral.

Tinham simplesmente desistido de guardar a “lei de Moisés” porque era demasiado difícil, visto que tinha sido misturada com a “lei oral”, que era uma lei humana (jugo pesado), e não uma lei dada por Yahweh (que é leve, santa, justa e boa).

A maioria, tinha que trabalhar para ganhar a vida e não tinha tempo para obedecer às leis religiosas, sofisticadas, que os dirigentes religiosos tinham estabelecido.

Yeshua compreendeu a situação do povo comum, e não tratou as pessoas como os Fariseus. Procurou sim estar com elas. Comeu na companhia de “pecadores”. Passou tempo com aqueles que se sentiam excluídos da presença e da bênção do Altíssimo.

Estavam tão obcecados com o obedecer às interpretações da lei, em cada pormenor (pois entendiam que a salvação vinha da obediência perfeita da lei), que ignoraram a mensagem de graça e misericórdia do Altíssimo. Mas Yeshua não era assim. Quando os Fariseus O criticaram por comer com “pecadores, Ele respondeu:

Mateus 9:12-13.”Não necessitam de médicos os sãos, mas sim, os doentes. Ide, porém e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifícios. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.”

Os Fariseus procuravam agradar ao Eterno através da atenção rígida que davam ao cumprimento da Lei. Isto constituía um grande sacrifício. No entanto, Yeshua disse-lhes que o que era mais importante para Yahweh era mostrar misericórdia àqueles que não tinham esperança (Mateus 23:23; Lucas 11:42).

Há que destacar que entre os fariseus também residia a discórdia em certas interpretações, devido á influência de duas Escolas, a de Hillel e a de Shammai.

A Escola de Hillel era mais compassiva na sua interpretação da Lei do que a Escola de Shammai, esta era muito conservadora e intransigente, muitos dos ataques contra Yeshua provinham da Escola de Shammai, e o Mestre utilizava por vezes os ensinos da Escola de Hillel para estabelecer os seus argumentos.

Os Saduceus

Os Saduceus eram também uma seita religiosa e um partido político.

Juntamente com os Fariseus, formavam os dois principais partidos políticos do tempo de Yeshua. Mencionamos brevemente os Essénios, que eram um dos partidos menores.

Havia um outro partido de minoria que eram os Zelotes. Estes acreditavam que o Eterno queria que os Judeus se insurgissem através de uma ação militar contra as forças romanas ocupantes. Por isso pregavam a violência e a revolta.

Tinham como modelo Finéias, que agiu com zelo no tempo de Moisés e que matou, com uma lança, duas pessoas não cumpridoras da lei.

O nome “Saduceu” vem de “Sadoque”, conforme acima, que foi um dos sacerdotes mais notáveis que viveu no tempo de David e de Salomão. Os Saduceus surgiram no tempo dos Macabeus, vindo dum grupo helenístico, que era a favor da introdução da cultura grega na sociedade israelita.

A maioria deles era constituída por membros das famílias de sacerdotes, muito poderosas, que governavam em Israel naquele tempo. De fato, os sacerdotes desta família tinham desempenhado o papel de reis, até que os Romanos deram esta posição a Herodes.

No tempo de Yeshua, os Saduceus ainda tinham um grande poder político, exercido através do Sinédrio, onde eram a força dominante e cujo presidente era o sumo-sacerdote, que, como é obvio, era um deles.

O Sinédrio era composto de setenta membros. Os Saduceus e os Fariseus, em número igual, constituíam a maioria dos membros. O resto dos lugares era ocupado por escribas e anciãos.

Os Saduceus estavam muitas vezes dispostos a comprometer os seus valores na maneira como lidavam com os Romanos e com outros, para manterem o seu “status” e as suas posições de influência. Colaboravam plenamente com os Romanos para evitarem revoltas armadas.

Os sumo-sacerdotes contavam-se entre eles. Como grupo, criam na lei de Moisés e na pureza levítica, mas não aceitavam a palavra dos profetas. Não acreditavam em anjos, nem em espíritos malignos.

Também não acreditavam na ressurreição. Eram um grupo tradicional que se baseava na razão e não na revelação (devido à influência helénica).

Em relação à Palavra escrita, podemos dizer que a diferença fundamental entre os escribas e os Fariseus, por um lado, e os Saduceus, por outro, era que os primeiros acrescentavam a tradição à Palavra, ao passo que os últimos tiravam partes da Palavra, rejeitando a palavra dos Profetas.

Yeshua advertiu os discípulos para que tivessem cuidado com o fermento dos Fariseus e dos Saduceus(Mateus 16:5-12).
Isto aconteceu depois de Yeshua ter alimentado 5 mil pessoas, com cinco pães, e 4 mil pessoas, com sete pães. Os discípulos pensavam que Yeshua estava a criticá-los por não terem levado pão com eles. Por isso explicou-lhes que estava, de fato, a falar dos ensinamentos dos Fariseus e dos Saduceus, comparando-os ao fermento.

O fermento é farinha misturada com água, que, quando deixada durante algum tempo, começa a fermentar e a azedar. Quando se misturam farinha e água de novo, o fermento afeta toda a mistura. Ao cozê-la, a massa cresce, produzindo pão com bom aspecto. Mas o pão sem fermento é feito com massa nova. É raso e sem grande aspecto, mas é mais nutritivo. A palavra do Altissimo é comparada ao pão, nas Escrituras.

Deuteronómio 8:3 “O homem não viverá só de pão, mas de tudo que sai da boca do Senhor viverá o homem.”

A palavra de Yahweh alimenta-nos espiritualmente. O problema é que os homens, muitas vezes, pensam que podem melhorá-la e torná-la mais atraente. Yeshua avisou acerca do fermento dos dirigentes religiosos, isto é, acerca do ensinamento que acrescentavam às suas interpretações e tradições. Yehshua disse aos Fariseus que eles invalidavam a palavra de Yahweh pela sua tradição.

Mateus 15:6 “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Yahweh”.

Continua na 3ª Parte

TRADIÇÕES, OBRAS DA LEI OU MANUSCRITOS DO MAR MORTO 3ª PARTE
3ª PARTE
SÍNTESE

Fonte: http://emunah-a-fe-dos-santos.weebly.com/

Durante séculos, o Cristianismo tem alegado que quando Paulo se refere às “obras da lei”, aponta para o cumprimento da Lei do Eterno.

E, segundo o Cristianismo, quem vivesse na graça não deveria procurar obedecer às Leis do Eterno.

Por outro lado, grupos como os Adventistas do Sétimo Dia (IA7D) que defendem a perpetuidade dos Dez Mandamentos dizem por sua vez, que Paulo se refere aqui à Lei Cerimonial.

Contudo, quando pesquisamos o contexto judaico daquilo que foi dito, vemos que o termo “obras da lei”, no hebraico “Miqsat Ma’ase ha-Torah” se refere à prática judaica de transformar a Lei espiritual em práticas meramente físicas.

O termo aparece frequentemente no Talmud, porém alguns cristãos alegavam que, como o Talmud é posterior ao primeiro século, não havia comprovação de que na época de Yeshua o termo “obras da lei” já fosse um termo conhecido em Israel, e referido a atos rabínicos para a justificação por obras conforme o exposto. E por isso alega o Cristianismo que “obras da lei” teria sido entendido como obedecer aos mandamentos de Yahweh.

Porém, uma descoberta arqueológica nas cavernas de Qumran, colocou totalmente por terra esta falsa premissa do Cristianismo. Um dos fragmentos do Mar Morto diz:

“Agora escrevemos a vocês algumas das OBRAS DA LEI, aquelas que determinamos que fossem ser benéficas a vocês… E deverão ser reconhecidas por vocês como justiça, em que vocês têm feito o que é correto e bom perante Ele…”(4QMMT (4Q394-399) Seção C linhas 26b-31)

Aqui vemos os oponentes de Paulo a sair das páginas do chamado “Novo Testamento” e materializando-se como figuras históricas; aqueles que acreditavam que costumes e leis humanas poderiam nos justificar perante Yahweh.

O texto de Qumran é uma prova claríssima de que a expressão “obras da lei” já era um termo técnico teológico conhecido e explorado muito antes da vinda do Messias! E vemos também pelo texto uma alusão a tradições, e não aos mandamentos de Yahweh – contrariando totalmente a teologia e as alegações cristãs.

Grupos como o descrito fragmento de Qumran exposto acima não só tentavam se justificar perante Yahweh por obras e costumes, como ainda transformavam tais costumes em leis, contrariando o que o Eterno determinara. Os “Ma’ase há-Torah” são a base para as takanot, isto é, emendas à Torah feitas pelos rabinos.

A autora Tracey Rich, em seu livro “Judaism 101” (isto é o ABC do Judaismo), admite na seção em que descreve a lei judaica:

“ A Halachá também incluí leis que não se derivam das mitsvot (mandamentos) da Torá…. Uma takaná (emenda rabínica), assim como uma guezeirá (lei de proteção), é tão vigente quanto uma mitsvá da Torá”.

Vemos tão claramente que, ao contrário da absurda alegação cristã tradicional, Paulo não falou contra a observância das Leis do Eterno, mas sim contra uma prática que há muito já afastava o povo dos caminhos de Yahweh – prática essa que também foi condenada pelo próprio Messias Yeshua.

Pelos achados de Qumran, e pelo que conhecemos do Talmud, vemos que a origem da heresia das “obras da lei” remonta ao período intertestamentário, nada tendo com a suposta “abolição” dos mandamentos de Yahweh.

Talvez sejam justamente às “obras da lei” (Miqsat Ma’ase há-Torah) que se refira o profeta Isaías quando afirma no contexto profético quando diz:

Isaías 28:13 “Assim, pois, a Palavra de Yahweh lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos.”

Isaías já profetizava que a Torah (Mandamentos de Yahweh) seria distorcida pelas “regras sobre regras” criadas pelos rabinos e outras seitas – pelos que confiavam nas “obras da Lei”.

Paulo estava plenamente alinhado com os profetas, os quais defendiam a Torah. Infelizmente, Roma uma vez mais, distorceu tudo, e as suas filhas acompanharam-na…

Encerramos deixando para reflexão esta frase:

“O que poderia haver com a Lei do Eterno para que Ele pudesse querer destruí-la?”

Uma passagem bíblica que resume tudo:

“A Torah de Yahweh é perfeita, e refrigera a alma.” (Salmos 19:7a)

Shalom!

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