Hoje, quando nos reunimos para celebrar na ceia a morte e ressurreição de Jesus, concentramos nosso foco em Seu sofrimento, procurando discernir quais são as implicações dele para a nossa vida hoje. COMO FOI O SOFRIMENTO DE JESUS?
I – FOI UM SOFRIMENTO INTENSO (v. 2-3, 7-8)
“… Homem de dores e que sabe o que é padecer” (v. 3)
O sofrimento de Jesus foi: visualmente repugnante (v. 2) – Ele sofreu tanto que ficou sem aparência, sem formosura, sem beleza, num estado extremamente desagradável (ver 52:14); provocador da sua marginalização social (v. 3) – desprezo, rejeição total, ignorância, abandono, não houve para com Jesus nenhuma expressão de carinho e apreço. Por tudo isto o profeta, acertadamente, falou do Messias como o “homem de dores e que sabe o que é padecer” (v. 3).
II – FOI UM SOFRIMENTO SARADOR (v. 4-6, 8, 10a,11, 12)
“…. Pelas suas pisaduras fomos sarados” (V. 5)
O sofrimento de Jesus foi expontâneamente terapêutico (v. 4 “Certamente, ele tomou sobre si ……”): longe de ser uma circunstancialidade do destino ou uma surpresa desagradável depois de três anos de completa dedicação aos discípulos e ao povo, ele fez parte de um sábio plano divino de promoção de uma cura integral, plano que Jesus tinha plena consciência (Jo 10:16-18).
O sofrimento de Jesus abriu caminho para a cura de enfermidades físicas (v. 4 “certamente ele tomou sobre as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si…” ) – Mt 8:16-18 afirmou que Jesus curou enfermos da alma (endemoninhados) e “curou todos os que estavam doentes para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías – ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças”. Assim, a interpretação que inspiradamente Mateus faz de Is 53:4 inclue também a cura física. Da mesma forma como no passado (Hb13:8), Jesus continua a tomar nossas enfermidades físicas como se fossem suas para eliminá-las pelo seu poder ou para dar-nos poder para suportá-las.
O sofrimento de Jesus trouxe a cura de enfermidades espirituais, em especial, da maior delas – o pecado. “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (v. 4b) – as feridas abertas no corpo e no coração de Jesus, apesar de terem sido produzidas pelos seus algozes, foram sabiamente permitidas por Deus como um cálice terrível que ele precisava beber (Mt 26:39), por isso, ele foi “ferido de Deus” (v. 10a – “Ao Senhor agradou moê-lo, fazendo enfermar”; At 2:33 “ele foi entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus”).
Sua morte não foi um mero martírio de um grande líder religioso. Isaías diz que “ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades” (v. 5) – “traspassar” e “moer” são dois verbos fortes que apontam para a intensidade do sofrimento interior de Jesus, muito maior do que o sofrimento físico que já era por si só, como já vimos, muito intenso. “… O castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados” (v. 5) – como transgressores, iníquos e pecadores só nos restava o castigo da morte (“o salário do pecado era a morte” – Rom 6:23). Todas as tentativas humanas de eliminação deste castigo (religiosidade, moralidade, solidariedade, caridade, sacrifício….) mostraram-se ineficientes. Jesus, então, trouxe a solução definitiva: considerou nossas culpas como suas e recebeu no seu próprio corpo e coração o castigo que seria nosso, pagando nossa dívida com Deus e estabelecendo com Ele em nosso favor um relacionamento de paz. (Col 1:19-20 – “Aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas”; Ef 2:13-14a -“Agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo, porque ele é a nossa paz”; II Co 5:21-“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”)
Para que não ficasse qualquer dúvida de que o sofrimento de Jesus foi uma transação espiritual entre o Messias, Jesus, e o Pai, Isaías reafirmou: v. 6 – “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada uma se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós”; v. 8 – “por causa da transgressão do meu povo foi ele ferido”; v. 11b ele “justificará a muitos porque as iniquidades deles levará sobre sí”; v. 12 “levou sobre sí o pecado de muitos”.
III – FOI UM SOFRIMENTO FRUTÍFERO (v. 09-12)
“Ele verá o fruto do seu penoso trabalho….” (v. 11)
O sofrimento de Jesus foi imerecido – Jesus foi crucificado entre dois malfeitores e um deles fez sobre Jesus um diagnóstico que alguns teólogos ao longo da história tiveram dificuldade de fazer – “nós, na verdade, com justiça, recebemos o castigo que os nossos atos merecem, mas este nenhum mal fez” (Lc 23:41). Era exatamente esta a certeza de Isaías sobre o Messias: “nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca” (v. 9b); “o meu servo, o Justo…” (v. 11).
O sofrimento de Jesus trouxe as mais profundas transformações da história:
** fez uma revolução espiritual na Sua posteridade (v. 10 – “quando ele der a sua alma como oferta pelo pecado verá a sua posteridade”) – a história foi tão impactada pela morte de Jesus que passou a ser dividida em duas partes – a.C e d.C;
** foi sucedido por Sua extraordinária ressurreição (v. 10 “e prolongará os seus dias”) – o grande lamento da cruz foi plenamente respondido na ressurreição (Mt 27:46 “meu Deus, meu Deus, porque me desamparastes? Cp. c/ Mt 28:26 “ele não está aqui, ressuscitou, como tinha dito”);
** proporcionou o avanço da vontade de Deus (v. 10b “e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos”) – Jesus revelou sabiamente a vontade de Deus e por Seu poder criou as condições para que ela fosse conhecida, obedecida e divulgada, espalhando-se de forma jamais vista por todas as nações da terra;
** trouxe-lhe satisfação pois proporcionou a maior bênção que um homem pode receber em vida – a justificação (v. 11 – “ele verá o fruto do penoso trabalho e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre sí”; Rom 5:18 “assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida”) – com base no sofrimento de Jesus o homem hoje tem total segurança de que pode em Cristo ficar definitivamente livre da condenação do pecado.
** mudou por completo o conceito humano de relação entre ofendido e ofensor (v. 12b “foi contado entre os transgressores, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”) – Jesus, sem possuir qualquer imperfeição, soube lidar sabiamente com as imperfeições de todos os que o rodearam na cruz , assumindo suas imperfeições como se fossem suas, clamando ao Pai que perdoasse aqueles que o crucificavam (Lc 23:34) e garantindo um lugar no céu para o malfeitor arrependido que estava do seu lado (Lc 23:43).
CONCLUSÃO
“Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor”? (v. 1)
A pergunta do v. 1 pervadiu todo o texto. De que adianta ouvir e conhecer a palavra profética sem responder a ela com um fé genuína? Saber que Jesus sofreu e que seu sofrimento intenso traz livramento físico (no enfrentamento das doenças) e espiritual (numa resposta definitiva e eficaz para a realidade do pecado que leva à condenação eterna), não tem nenhum valor se não vier acompanhada de uma fé sincera e exclusiva. Por isso, a Palavra nos desafia a uma resposta de uma fé objetiva: você é pecador e o seu pecado faz separação entre você e Deus; mas Jesus, o Servo sofredor e justo, sofreu e morreu por você pagando pelos seus pecados, tudo está consumado, como Ele bem disse na cruz; cabe a você, agora, arrepender e crer convidando Jesus para ser salvador e Senhor da sua vida. Creia que Jesus quer hoje frutificar em sua vida, mudar sua história, transformar definitivamente sua vida! Creia que o “braço do Senhor” está sendo revelado, manifestado e oferecido a você, trazendo para a sua vida um poder que não está em você mesmo, o poder de ser salvo e santificado para a glória do Senhor!
Pr. Jair Francisco Macedo
Pregado em 02.06.2013