Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua o Messias, a quem enviaste. JOÃO 17:3
JUDAIZAR, O QUE É ISTO?
JUDAIZAR, O QUE É ISTO?
A igreja gentílica de Yeshua, chamada na generalidade de cristã, ainda defende uma atitude cega e injusta quanto à sua própria origem judaica. O conceito de judaizar e rotular tudo quanto se refere a Israel ainda deixa muito a desejar. Segundo as Escrituras (Atos 15:1, Gal 2:14, etc), judaizar é forçar um gentio a circuncidar-se e aceitar a Torá de Moisés visando salvação, quando esta é só por fé em Yeshua. Neste ponto, nós judeus-messiânicos, somos muito zelosos (At 21:20), pois sabemos que não há diferenças entre judeus e gentios quanto à salvação, pois todos, indistintamente, através de Yeshua, somos membros do mesmo corpo e da família de D-us (Rm10:12; Ef 2:14-19 e 1 Co 12:27). O que os cristãos, normalmente não entendem, é que ao mesmo tempo em que não há diferenças entre judeus e gentios quanto à salvação, há diferenças quanto ao ser humano, ser judeu e pertencer à nação de Israel. Pois, inúmeras profecias são específicas para o povo judeu e a nação de Israel. Profeticamente, só eles poderão cumprir tais profecias até que Yeshua volte e reine aqui nesta terra com Seus santos eleitos (quanto às essas profecias, serão abordados oportunamente).Por isso, a Igreja deve entender que D-us não rejeitou o Seu povo escolhido (Rm 11:1; Jr 31:35). Além do mais, D-us tem um chamado irrevogável para este povo e para esta nação (Rm 11:28-29). Por exemplo, na Bíblia há mandamentos, estatutos e ordenanças dados por D-us para a humanidade como um todo, e há também leis aplicadas somente para a casa de Israel, os judeus, quer sejam messiânicos ou não.
Um bom exemplo, são as leis do decálogo, que se aplicam à humanidade. Um indivíduo debaixo da graça de Yeshua, não deve jamais pensar em furtar, matar, adulterar, desonrar pai e mãe, profanar o dia sagrado para o descanso, o shabat (sábado), etc. Por outro lado, D-us quer preservar Seu povo escolhido e, por isso, Ele próprio o caracteriza, separando-o dos demais povos através de mandamentos, estatutos e ordenanças, específicas e perpétuas. Como já enfatizamos, um judeu-messiânico justificado pelo sangue de Yeshua, deve continuar levando sua vida como um judeu zeloso a estas leis. Ou seja, seu estilo de vida precisa ser judaico e não um gentio crente (At 21:20; 24:14; 25:8; 28:17, etc.) O que os crentes gentios não entendem é que um judeu quando aceita Yeshua como seu Senhor e Salvador, ele não precisa deixar de ser judeu. O judeu secular também não entende isto, pois ele pensa ser impossível ser judeu e se “converter” ao cristianismo (isto, por culpa dos cristãos que sempre obrigaram os judeus a renunciar sua fé judaica para se tornar um “cristão”, seguidor de HaMashiach). Há uma tremenda diferença entre um judeu e um muçulmano, um budista, um confucionista, etc. Pois o judeu, já crê no D-us Único Verdadeiro, crê na Torá e nos outros livros do AT, procuram seguir a santa Palavra de D-us. O que precisa, então, acontecer é que este judeu praticante reconheça Yeshua como seu Messias de Israel e viva segundo esta fé. Mas, ele, em hipótese nenhuma, deixa de ser judeu por crer em Yeshua, assim como, um gentio crente não deixa de ser gentio após sua conversão.
Exemplo disto se vê claramente numa congregação judaico-messiânica. Lá vamos encontrar judeus crentes vivendo como judeus e gentios, também crentes, vivendo como gentios. O que precisa ficar claro para pastores e líderes, principalmente (pois eles são os responsáveis por divulgar para o povo conceitos falsos ou verdadeiros), é que as Escrituras exigem que um judeu aceite Yeshua e viva como judeu zeloso para com as leis do AT que não foram revogadas por Yeshua. Se um judeu viver como gentio ele acabará perdendo sua própria identidade, não cumprindo o chamado irrevogável de D-us que o quer como judeu. De outra forma, quem cumpririam as profecias que ainda faltam a se cumprir para que Yeshua retorne? Por isso, Israel continua sendo o “relógio” de D-us quanto ao cumprimento profético para o retorno do Messias a este mundo.
O gentio crente deve entender que ele não tem a obrigação de guardar a lei, ou melhor, seguir e respeitar os princípios da lei, mas ele tem a opção de fazê-lo, pois, ele em HaMashiach, foi enxertado na Oliveira que é o Israel de D-us e, portanto, ele pode e deve participar da mesma seiva (bênçãos e promessas da Casa de Israel). Por isso, um gentio crente pode praticar e se beneficiar da lei judaica do dízimo, das festas bíblicas, de estudar a Torá aos sábados, observar as leis alimentares, além de aprender na Torá como melhor trabalhar, preservar seu patrimônio e ser próspero, sua família, sua saúde, etc. Será que Yeshua anulou tudo isto na cruz? Claro que não. A graça e a lei se completam. Será que um gentio se beneficiando das promessas da lei estaria judaizando? Judaizar, meu prezado leitor, não é aquilo que alguns pastores dizem que é judaizar, pois a maioria deles se encontra fora de suas raízes judaicas da fé, desconectado do Israel de D-us e alheios ao papel da Igreja que lideram quanto ao povo judeu e o Israel profético.
Por que os pastores evangélicos e cristãos não acusam os luteranos de “luteranizar” a igreja? Ou os anglicanos de “anglicanizar” ou os americanos de “yankizar”, pois estes últimos são autores de muitas falsas e estranha doutrinas que são engendradas de uma mente e cultura consumista, materialista, valendo-se de “avivamentos” em prol de uma prosperidade não bíblica. Será que estes movimentos “pentecostais” são autênticos? Por que alguns pastores não acusam ou pelo menos reavaliem as influências colombianas, coreanas, canadenses e outras que tem trazido à Igreja mais ativismo e crescimento numérico atrelados ao aumento de lucro e crescimento patrimonial muitas vezes motivado por um “evangelismo” aparente? O que tenho visto, salvo raras exceções, é que este modismo evangélico não tem contribuído em nada a favor da qualidade e maturidade espiritual de seus membros. Agora, quando os judeus-messiânicos desejam voltar às suas raízes, desinfectar-se dos conceitos, tradições e influências do mundo pagão, ou quando querem voltar ao contexto judaico das Escrituras ou explorar as riquezas da língua bíblica hebraica, ou do pensamento e cultura do povo judeu preservados ao longo da história, estaríamos judaizando a Igreja? São cegos e injustos aqueles que assim agem, julgam, escrevem e dizem. Como sempre temos pregado e escrito. A igreja de Yeshua deveria voltar para trás e se arrepender pelo que tem feito contra o povo judeu e a nação de Israel e não continuar seguindo em frente no erro, enfatizando conceitos não bíblicos que somente trarão ainda mais danos para seus fiéis. Por que não voltarmos todos juntos aos princípios bíblicos e judaicos promulgados e vividos pelos apóstolos no primeiro século? Por que tem estes pastores tanta resistência em conhecer estes princípios vitais para a Igreja antes da influência e domínio de Roma?
Eu, pessoalmente, vejo que se os judeus e gentios messiânicos forem sérios e autênticos em sua busca pela verdade, qualidade e maturidade da fé, investindo tempo, jejum e muita oração nesta obra de Restauração da Igreja, trazendo-a de volta aos princípios bíblicos e judaicos do primeiro século, com certeza este movimento será um “divisor de águas” e ao mesmo tempo um elo para a unidade do Corpo, auxiliando na preparação, edificação, preservação daqueles que são efetivamente membros individualmente do Corpo do Messias e que constituem a “Noiva” que está sendo lavada e ataviada para o seu único noivo: seu Messias judeu, Yeshua Há Mashiach!
(*) Marcelo M. Guimarães – Engenheiro Industrial, MBA em Economia, Teólogo, Rabino Messiânico ordenado pelo Netivyah Bible Instruction Ministry-Jerusalém-Israel. Fundador do Ministério Ensinando de Sião, do Cates, da Abradjin e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte-Brasil.