BOMBAS que destroem a família
Gerson Trevilato
Vamos hoje abordar temas explosivos, analisar alguns aspectos que podem romper o círculo familiar.
Mas é preciso diferenciar de que tipo de bomba estamos falando.
Existem os mais variados tipos de artefatos explosivos, que podem ser atirados manualmente, propulsionados ( mísseis ) mas gostaríamos de usar como figura das agressões causadas pelo inimigo à família as bombas que são enterradas, chamadas de minas.
O terreno minado dá a impressão de ser seguro, pois as minas são pouco visíveis à primeira vista, ou quando visíveis parecerem coisas pequenas, sendo às vezes disfarçadas de modo a parecerem inofensivas, mas ao longo do tempo se demonstram como verdadeiras bombas ocultas armando – se e explodindo sem dar um tempo de reflexão e reação, matando ou mutilando, assim também as minas emocionais, que apresentam um potencial explosivo desproporcional ao seu tamanho aparente, e ao detonarem repentinamente, provocam rupturas emocionais em pessoas e lares.
Ao longo desta série, outros assuntos a serem abordados procurarão sugerir maneiras de detectar estes terrenos minados para que possam ser evitados, ou então formas de desativar estes artefatos explosivos traiçoeiros, sorrateiros, causadores de tanta dor e destruição, tão perigosos para a felicidade familiar.
As minas emocionais são plantadas no nosso caminho pelo inimigo das nossas almas, como tentativa de nos separar de nosso núcleo familiar terrestre, levando – nos também a nos distanciar de nossa família espiritual.
Podemos aplicar o que escreve o apóstolo Paulo à este risco de dissociação ao ler este versículo com o pensamento voltado para aspectos relacionados ao lar : (RM 8:35) “Quem nos separará do amor de Cristo? ( ou o que fragmentará o amor do nosso lar ? ) A tribulação( B.V. aflição ), ou a angústia ( B.V. desventura ), ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez ( B.V. ficarmos sem dinheiro ), ou o perigo, ou a espada?”
Vamos analisar algumas destas minas de modo mais detalhado, em especial as que tendem a afetar mais de um dos sistemas familiares, nas suas causas, implicações e consequências. Certamente existem outras além destas, algumas das quais ainda serão abordadas no decorrer desta série, mas estas nos pareceram de maior relevância e amplitude para este momento inicial.
A primeira mina a ser evitada, em especial porque a sua ativação ou explosão pode desencadear explosões em sequência de outras minas é a mina do amor distorcido …
Pode aparecer de várias formas :
A primeira distorção ( e considerada a mais inocente ) é quando um dos membros da família começa a sobrevalorizar de forma maior aos outros, anulando – se em prol de um dos demais membros do grupo familiar, ou em função de todo o grupo. O preceito bíblico fala em amar o próximo como a si mesmo … e não mais do que a si mesmo … Os riscos envolvidos na anulação da auto – imagem de um dos membros da família abrangem criação de laços de dependência, sobrecarga física ou emocional que pode levar no futuro a desestruturação quando esta situação cessar e limitação do potencial criativo da família. ( Desafio : Avalie como está a auto – imagem de cada um dos membros da sua família )
A segunda forma envolve a distorção da ocorrência e manifestação do amor dos pais, privilegiando um dos filhos. Todos conhecemos a história de Esaú e Jacó e os efeitos da explosão desta mina na família de Isaque, com efeitos retardados muito prolongados …
Outra forma de distorção do amor é quando no sistema familiar o amor do esposo ou da esposa se desvia para uma terceira pessoa, acarretando danos emocionais ( sensação de desvalorização do cônjuge traído, angústia dos filhos com a separação dos pais, remorso e sensação de culpa por parte do cônjuge que se afastou ) prejuízos financeiros tanto antes da separação ( pelo desvio dos recursos familiares para fora ) como depois da separação. ( Desafio : Caso você sinta que está sendo atraído de alguma forma por alguma outra pessoa, que não o seu cônjuge, não descanse até sublimar este sentimento em renovação e amplificação do seu amor pelo cônjuge ).
Vemos como é extremamente perigosa esta mina, que pode se disfarçar de várias formas atingindo vários compartimentos do sistema familiar …
Precisa ser detectada adequadamente e desarmada pela retificação do nosso amor em todos os níveis do sistema familiar (1PE 4:8) “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados.”
A segunda mina é a mina da falha na comunicação.
Essa mina é especialmente insidiosa, sorrateira, gradual e muitas vezes se disfarça através de uma sutil mudança de nível de comunicação, onde em vez de níveis mais intensos comunicando sentimentos, emoções, confiança e sensibilidade, rebaixa – se o nível a fatos,fofocas, ou clichês sem profundidade, sem esforço mental.
Uma maneira de disfarçar a falta de comunicação é o uso da comunicação negativa ( … Você nunca … / … Eu já te disse …/ … Você sempre … / … Quando é que você vai aprender … / Quantas vezes eu preciso dizer ? ) ou a comunicação de teor agressivo, sob a desculpa de que se está sendo autêntico.
O livro de Provérbios adverte contra essas armadilhas potencialmente explosivos da comunicação (PV 10:19) “Na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio.” (PV 15:1) “A RESPOSTA branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (PV 29:20) “Tens visto um homem precipitado no falar? Maior esperança há para um tolo do que para ele.” (PV 21:23) “O que guarda a sua boca e a sua língua guarda a sua alma das angústias.”
Mas isso ainda pode ser pior. Com o tempo essa superficialização da comunicação exerce uma transformação tão marcante, que a própria comunicação deixa de ser valorizada, e começa a ser deixada de lado, já não ocorre a analise dos problemas do dia a dia de forma serena, levando à imposições, especialmente em relação aos filhos adolescentes ou então à fazer da comunicação oportunidade para crítica constante e implacável ( por vezes até de forma pública, o que deixa cicatrizes muito profundas e duradouras ).
Essa também é uma mina que pode detonar outras, pois a comunicação inadequada pode impedir a resolução de problemas em outras áreas, tanto na parte educacional e recreacional, como no enfoque religioso e também na área da saúde.
Precisa ser desarmada pela comunicação serena,(EF 4:31) “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós,” com amor, (EF 5:26) “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,”através do controle da língua e da correta expressão de íntima comunhão entre os membros da família, (TG 1:26) “Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.”sem falsidade,(1PE 3:10) “Porque Quem quer amar a vida, E ver os dias bons, Refreie a sua língua do mal, E os seus lábios não falem engano.” a comunicação realmente profunda.
A terceira mina também muito poderosa para implodir a família é a da disputa e exercício do poder dentro da família de forma incorreta.
Também é uma mina que pode aparecer de diversas formas e em diversos estágios do núcleo familiar.
O primeiro estágio costuma ser logo após o casamento ou após o nascimento dos filhos, onde um dos membros do casal tenta controlar o outro, ou ser o único a ditar normas de conduta para o casal e para os filhos. Durante o processo criacional, DEUS usou uma costela para a criação da mulher, um símbolo da igualdade de condições entre os esposos. (1CO 11:11) “Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no SENHOR.” (EF 5:25) “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,”, assim não deve haver disputa de poder entre os cônjuges, porque isto levará fatalmente à discórdia no processo educacional dos filhos, e isto certamente será usado por eles, quase que instintivamente, no sentido de obter o que desejam, de afrouxar normas, terminando por jogar um dos pais contra o outro e isto gradualmente leva ao distanciamento do casal (AM 3:3) “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”
É interessante notar que esta etapa leva com o decorrer do tempo ao próximo estágio numa inversão da condução e direção familiar, onde os filhos vão sorrateira e gradativamente assumindo o controle das decisões familiares ( quando interferem no que o pai ou a mãe fariam ) ou então das decisões que lhe dizem respeito, numa declaração de independência unilateral, ( embora com a manutenção dos custos desta independência pelos pais ).
Esta mina precisa ser detectada e desativada pelo exercício de comunicação íntima e intensa e amor mútuo profundo, de tal maneira que o casal seja realmente um, mas não só no aspecto da junção carnal, mas também na junção educacional. E este propósito deve começar cedo (PV 22:6) “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” utilizando doses de amor em palavras e atitudes (PV 29:15) “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe” pois é natural que a criança e o adolescente procurem testar os limites, e uma mente em formação, sem limites que orientem o seu desenvolvimento, pode facilmente adquirir hábitos maus, que mais tarde serão de difícil remoção.
Um último aspecto desta mina que não pode ser esquecido é o do poder financeiro, onde o planejamento e a execução dos gastos não é compartilhada, ou não é seguida, o que tende a levar a muitos desentendimentos, porque ou existem erros de comunicação ou uma disputa por poder leva ao individualismo, e consequentes disputas constantes e desgastantes. Jesus exemplificou a importância do orçamento em (LC 14:28) “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?”
A última mina que tem amplo alcance nos sistemas familiares é a mina do descuido com a saúde. Por vezes nos esquecemos do que diz (1CO 3:16 e 17 ) “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.”
Fomos separados para ter boa saúde. (MT 5:14 a 16 ) “Vós sois a luz do mundo; “Assim resplandeça a vossa saúde diante dos homens, para que vejam a vossa vitalidade, alegria, disposição e bom – humor, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
Quando não existe saúde no seio familiar, da mesma forma que em um organismo, todos os membros são afetados. Isto termina por gerar ansiedade, angústia, insegurança, em alguns casos acusações de um dos membros da família em relação ao outro, por erros ou omissão de algum aspecto preventivo que pudesse ter mantido o bem – estar da pessoa doente.
Da mesma forma que no aspecto educacional, bons hábitos de saúde precisam ser forjados e desenvolvidos em todas as esferas da família, de modo que os cuidados preventivos quanto à qualidade do ar respirado, do uso intenso da água ( tanto na higiene como na qualidade da água consumida ), da atividade física moderada mas regular, a alimentação saudável e o mais integral possível, o repouso regular e suficiente, o equilíbrio no uso de cada item anterior e na exposição ao sol, a vacinação nas épocas adequadas ( tanto para crianças como para adultos ), a direção defensiva no trânsito, os cuidados para prevenção de acidentes em casa, enfim muitos aspectos podem ser enfocados, praticados e ensinados de forma que a saúde física acompanhe a saúde mental, espiritual e social da forma que Lucas descreve (LC 2:52) “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.”
Prezado amigo, você sente que está em terreno minado ? Alguma delas já explodiu na sua vida ? Alguma delas está explodindo atualmente ????
Não desanime. Com a sabedoria dos altos céus é possível desarmar estes explosivos que podem danificar parte ou o todo dos nossos sistemas familiares.
O apóstolo Paulo diz em (HB 4:15) “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” Jesus também já passou por aspectos explosivos como estes, e quer nos dar sabedoria para usarmos estes itens aqui já descritos, ou que ainda serão abordados nesta série, para desativar facetas inadequadas do nosso contexto familiar e nos ajudar a retificar o que for necessário.
Que possamos dizer como Josué (JS 24:15 ult. pte ) ” … eu e a minha casa serviremos ao SENHOR … e fazer do nosso lar uma força poderosa a nos ajudar a estar prontos individualmente e em família para a volta de Jesus.”