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ATOS 10:13 Esse texto afirma que Deus purificou todos os alimentos?

ATOS 10:13
Esse texto afirma que Deus purificou todos os alimentos?

Lição Bíblica 273, sábado, 08 de outubro de 2005

OBJETIVO: Mostrar ao estudante o real sentido teológico de Atos 10:13, para que ele tenha a sua fé fortalecida com essa verdade.

TEXTO BÁSICO: E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro; mata e come (At 10:13).

INTRODUÇÃO: Estamos diante de um texto bíblico (At 10:13) que, a exemplo do que foi estudado na lição anterior (Mc 7:15), nada tem a ver com a questão da alimentação. Porém, os defensores da abolição da dieta cristã usam ambos os textos, para ensinarem que a distinção feita por Deus, entre os alimentos puros e impuros, no décimo primeiro capítulo do livro de Levítico, já foi abolida, e que, em decorrência disto, os cristãos podem comer de tudo, indiscriminadamente. Será esta a verdadeira interpretação do texto? É o que veremos, durante o estudo da presente lição.

I – A INTERPRETAÇÃO ERRADA DO TEXTO

Considerando que Pedro estava jejuando e, portanto, com fome, no momento em que ouviu a voz que lhe dizia: Levanta-te Pedro, mata e come, e considerando, ainda, que lhe foi feita a observação: … não chames tu comum ao que Deus purificou, muitas pessoas entendem que, a partir dali, a abstinência daqueles alimentos considerados impuros estava definitivamente cancelada. E, pensando assim, comem e ensinam outras pessoas a comerem de tudo. Essas pessoas entendem que os animais vistos naquela visão eram animais literais e que, de acordo com o entendimento que têm dessa visão, foram purificados por Deus mediante o sacrifício de Jesus.

Até mesmo pessoas relativamente esclarecidas, sabendo que esta não é a verdadeira interpretação do texto, torcem-na por conveniência, como podemos observar a seguir:

O efeito da visão, portanto, era anunciar a Pedro que a distinção que se fazia no Antigo Testamento entre alimentos que eram “puros” e, portanto, apropriados para o consumo humano, e os que eram “impuros”, já fora cancelado, de tal modo que, doravante, os cristãos judaicos poderiam comer qualquer tipo de comida sem medo de profanação. Quando é, pois, que Deus cancelou a distinção? Parece que foi no momento de ser feita esta declaração [1] Seguindo este mesmo entendimento, muitas pessoas, em nossos dias, comem e bebem, sem qualquer escrúpulo, tudo o que lhes vem à boca, alegando, para isso, que, depois da morte de Cristo, todas as coisas foram purificadas.

I – A INTERPRETAÇÃO CORRETA DO TEXTO

Se At 10:13 nada tem a ver com a questão alimentar, o que Deus pretendia mostrar ao apóstolo Pedro e, por intermédio deste, a todos os demais judeus, através daquela visão? Para interpretarmos corretamente At 10:13, precisamos examinar o seu contexto; não apenas no contexto mais próximo, isto é, os versículos imediatamente anteriores (At 10:1:12) e posteriores (At 10:14, 11:18) ao versículo 13, mas, também, o contexto temático, ou seja, outras passagens relacionadas ao tema abordado. Por onde devemos começar? Vamos iniciar pela antiga promessa feita por Deus a Abraão: … e em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12:3). Esta promessa deveria cumprir-se de maneira plena, no tempo determinado por Deus, e a vinda de seu Filho Jesus Cristo a este mundo marcou o início desse tempo. Até então, os descendentes de Abraão (o povo judeu) eram os privilegiados, porque deles eram a adoção, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas (Rm 9:4). Os outros povos eram considerados gentios na carne, chamados incircuncisos, sem Cristo, separados da comunidade de Israel, estranhos aos concertos da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2:11-12).

Mas o plano de Deus revelado a Abraão incluía todas as famílias da terra, e não apenas os judeus. O difícil, para muitos judeus, porém, era partilhar com os gentios a privilegiada condição que usufruíam, como integrantes do povo escolhido, se os gentios não se submetessem a todas as exigências representadas, tanto na lei como nas tradições de seu povo. Mas Deus estava determinado a quebrar a barreira que os separava e a fazer de ambos um só povo. Ele queria fazer isso através dos próprios judeus. O tempo de agir havia chegado (Mc 1:14-15; Gl 4:4-5) e era preciso encontrar a maneira apropriada de fazer isso. Deus encontrou.

Enquanto Pedro orava,

… sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, e viu o céu aberto e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, vindo para a terra, no qual havia de todos os animais quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. (At 10:11-12)

Três vezes, uma voz ordenou-lhe: Levanta-te, Pedro! Mata e come (At 10:13); três vezes, Pedro protestou contra a ordem divina: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda (At 10:14). Cada vez, a lição foi repetida: Não faças tu comum ao que Deus purificou (At 10:15).

Essa visão dos animais foi a opção mais apropriada para – uma vez entendida no seu verdadeiro sentido – quebrar a barreira representada pelos preconceitos que dividiam os judeus dos não-judeus e preparou o apóstolo para pregar o evangelho a Cornélio, um gentio, por duas razões principais: 1a) foi religiosamente convincente (foi mostrada a um homem piedoso, num momento em que este homem piedoso estava em plena consagração), e 2a) envolveu representantes respeitáveis dos dois povos. O que foi mostrado a Pedro naquela visão tinha sentido figurado. Os animais vistos não significavam animais de verdade: representavam pessoas. E que pessoas eram essas? Os gentios! Observemos, a propósito disto, o comentário feito por Champlin: As visões místicas ordinariamente são dadas na forma de ‘quadros’ ou ‘símbolos’… No caso que ora comentamos, por exemplo, não devemos imaginar que Pedro realmente viu feras, répteis e aves estranhas, baixadas do firmamento numa espécie de lençol literal, de pano. Pelo contrário, foram imagens mentais, recebidas sob formas aparentemente visuais, que tinham por intuito transmitir-lhe uma espécie de mensagem espiritual. [2]

Conhecedor das barreiras política, social e religiosa que separavam os judeus dos não-judeus (Jo 4:9), mas desejoso de mostrar a estes que havia chegado o momento de agregar também aqueles, pela fé em Jesus Cristo, conforme a promessa feita a Abraão (Gn 18:18; Gl 3:8) e cumprir seu grande propósito de estabelecer um só rebanho para um só pastor (Jo 10:16), Deus utilizou aquela visão, informando ao gentio Cornélio e ao judeu Pedro sobre o que pretendia fazer a esses dois povos, a partir dali (cf. At 10:1-6,19-20). De acordo com Champlin, … o ponto central da visão, que Deus pode declarar qualquer coisa pura, aplica-se especialmente aos gentios que Pedro está para receber. (10:28, 15:9) [3]

Aqueles animais da visão representavam os povos não-judeus, antes, considerados distanciados de Deus, mas que, agora, pelo evangelho, passavam a ser aceitos. Portanto, Pedro foi advertido, na visão, a não considerar comum ou imundo o que Deus mesmo havia purificado (At 10:15,28). E Pedro aprendeu a lição, pois, no começo de sua pregação, declarou em Cesaréia: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo (At 10:28,34-35). Veja, que neste trecho, o próprio Pedro explica o significado correto do texto, afastando qualquer dúvida sobre o assunto.

Posteriormente, ao ser censurado pelos defensores da circuncisão, por ter se hospedado e se alimentado na casa de um gentio (At 11:1-3), ele narrou com riqueza de detalhes, tudo quanto acontecera, inclusive a maneira como Deus confirmara a sua presença naquela casa, fazendo descer o seu Santo Espírito sobre todos os gentios que ouviam a Palavra (At 11:4-18). De fato, A eleição divina não implica parcialidade; a graça de Deus alcança livremente tanto a gentios como a judeus. Para nós hoje, isto é um lugar comum, mas para Pedro era uma idéia revolucionária [4] Yancey[5] tece comentários sobre a posição dos judeus com relação aos impuros e sobre a visão mostrada a Pedro e descrita no capítulo 10 do livro de Atos. Diz o referido autor que o modo como os não-judeus eram tratados por alguns judeus estava em total desacordo com os padrões estabelecidos pela graça de Deus, cujo propósito é aproximar e não afastar as pessoas de Deus. Esse modo de tratar com discriminação não era adotado somente com os não-judeus; muitos dos próprios judeus também eram tratados assim. Para exemplificar isso, Yancey faz menção aos leprosos, à mulher durante os dias de sua menstruação, o homem que tocava em um cadáver, etc. Depois de argumentar que Jesus agiu de modo a mudar esse conceito, o autor dá como exemplos: a) Jesus sendo tocado por uma mulher com hemorragia (Mc 5:25-29); b) Jesus tocando na filha de Jairo, estando esta já morta (Mc 5:35-42); c) Jesus tocando no leproso (Mc 1:40-42). Depois de reproduzir as palavras de Pedro, em At 10:28: mas Deus me mostrou que não devo chamar nenhum homem de impuro, Yancey conclui o seu raciocínio, dizendo: Somos chamados para estender essa misericórdia, para ser transmissores da graça, e não para evitar o contágio. Assim como Jesus, podemos ajudar o ‘impuro’ a se tornar limpo”. “Desta forma não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há macho nem fêmea, pois todos vós sois um em Cristo Jesus”.[6]

Portanto, a lei que faz distinção dos alimentos permanece em vigor (Lv 11), mas a barreira social que fazia separação entre as pessoas, classificando algumas como puras e outras como impuras, Jesus aboliu (Lv 21:16-24). Se já não tinha razão de existir no passado, menos razão tem agora.

CONCLUSÃO:

Pelo que pudemos demonstrar, o texto que serviu de tema para este estudo não prova que Jesus purificou todos os animais. A visão descrita nele tem sentido figurado e revela o propósito de Deus em congregar, através da pregação do evangelho, todos os povos da terra, derribando as barreiras que as separava. Os animais mostrados na visão representavam os povos não-judeus, antes, considerados impuros, mas que, a partir dali, passavam a ser aceitos, pela fé em Jesus Cristo, sem qualquer discriminação.

Se Jesus houvesse liberado o uso de alimentos considerados impuros, até aquela época, por que o apóstolo Pedro continuava sendo abstinente, sendo sua resposta ao Senhor foi: De modo nenhum, Senhor, porque jamais comi coisa alguma comum e imunda?

QUESTIONÁRIO

1) Leia o texto reproduzido anteriormente e faça um resumo dele, envolvendo a ordem que Deus deu a Cornélio para chamar Pedro e como o mesmo Deus preparou o apóstolo para atender a esse chamado.

2) Leia Ef 2:11-12 e descreva as relações política, social e religiosa prevalecentes nos dias de Cristo, entre judeus e não-judeus.

3) Leia Gn 12:3 e responda: Que promessa feita a Abraão Deus havia reservado para cumprir através de seu Filho Jesus Cristo?

4) Leia Jo 4:22; Rm 1:16 e explique: Por que Deus queria fazer isto através de um judeu?

5) Leia At 10:11-13 e responda: Que meio utilizou Deus para mostrar aos judeus, através de Pedro, que o tempo de congregar os gentios havia chegado?

6) Leia At 9:6,10,11,17; At 5,7,17-20 e responda: Que medidas preparatórias adotou o Senhor, no sentido de quebrar o preconceito judaico, com relação aos não-judeus, e facilitar a entrada do evangelho aos gentios?

7) Leia At 10:28; Ef 2:13-18 e responda: Qual o verdadeiro significado da visão dos animais mostrada a Pedro.

Autor: Pastor Valdeci Nunes de Oliveira

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[1] MARSHALL, I. H. Atos: Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova e Mundo Cristão, 1991, p.178.

[2] CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. CIDADE? EDITORA? vol 3, p. 214.

[3] – O Novo Testamento Versículo por Versículo, Vol I, p 367.

[4] O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, p. 1119.

[5] YANCEY, Philip, Maravilhosa Graça, Editora Vida, São Paulo, 1999, p. 154/165

[6] YANCEY, Philip, Maravilhosa Graça, 1a Edição, Editora Vida, São Paulo, 1999 pp. 160-161.

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